Nos dias 6 e 7/3, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) sediou um fórum de apresentação de propostas do Conselho Científico Brasil-Índia, fortalecendo a relação de ambos os países na área da Oceanografia. Na mesma ocasião, entre os dias 7 e 9/3, ocorreu o encontro de pesquisadores do Programa Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) também voltado para a área dos oceanos. Coordenado pelo Acadêmico Carlos Afonso Nobre (na foto à esquerda), o evento contou com a organização de Janice Trotte Duhá, coordenadora geral de Mar e Antártica da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Prof. Edmo José Dias Campos, do Laboratório de Modelagem Numérica Oceânica do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (LABMON/IO-USP), e da assistente de projetos da ABC Fernanda Wolter. A iniciativa ganhou o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da ABC.

Segundo Campos (na foto ao lado), a componente oceânica ainda não tinha entrado no debate entre as três nações, o que levou, agora, ao estabelecimento de propostas de projetos científicos e operacionais que serão conduzidos de forma colaborativa. “Reunimos os dois programas porque os pesquisadores envolvidos na colaboração bilateral também participam do acordo com a África do Sul”, explica. Campos comentou que o Conselho Brasil-Índia é eminentemente científico, tendo por objetivo o desenvolvimento de pesquisa nas áreas que estavam em pauta. “No IBAS, temos a parte científica, mas também iniciativas operacionais que, dentro do acordo que está sendo travado, possam ser úteis para disponibilizar recursos para a previsão de tempo, mudanças climáticas ou mesmo previsão do comportamento do oceano”, diz.

No contexto Brasil-Índia, o grupo de trabalho já formado elaborará um documento, com o objetivo de subsidiar a cooperação, previsto para ser concluído antes do próximo encontro a ser realizado em setembro, na Índia. “Esse documento servirá de base para que o Conselho apresente, junto às agências financiadoras, um edital de projetos para a área”, afirma o pesquisador. No âmbito trilateral, um plano de metas está sendo traçado no intuito de guiar as próximas etapas. “Esperamos que em 2014 as propostas estejam bem incorporadas e financiadas”.

Similaridades entre os três países

De acordo com Janice Duhá, o que diferencia o Programa IBAS de outros acordos são as características das nações que o compõem. “Temos três países emergentes, com economias fortes, democracias estáveis, elevado nível tecnológico e problemas sociais comuns. Além disso, essa cooperação se torna especial porque é focada na relação sul-sul. Há oportunidades de se replicar potencialidades, fazendo com que o todo seja maior do que a soma entre as partes”.

A coordenadora observou que já existiam acordos nas áreas das Ciências da Vida, da Saúde, Medicina, Nanotecnologia etc. “Agora, com a inclusão da Oceanografia, esperamos estabelecer um diferencial, pois o oceano é o grande futuro da economia desses países e fonte segura de energia renovável”. Durante o IBAS, foram levantadas algumas questões sobre biogeoquímica, biodiversidade, previsão de mudanças climáticas, modelagem e a questão dos sistemas de observação dos oceanos. “A partir de uma coleta contínua de dados é que vamos conseguir gerar informações precisas e de longo prazo sobre os oceanos Atlântico e Índico”.

Por fim, Duhá ressalta que o Programa Ciência Sem Fronteiras, do governo brasileiro, está fazendo um trabalho importante no quesito de formação de recursos humanos, identificação e mobilização de “cérebros”. “O investimento em jovens cientistas é essencial”.