O Acadêmico Thiago Mattar Cunha possui graduação em Farmácia pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP, 2003), com mestrado, doutorado e pós-doutorado pela mesma universidade (2005, 2008 e 2010). Atualmente, é professor doutor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).
Nascido em uma cidade do interior de Minas Gerais chamada Passos, hoje com aproximadamente 100 mil habitantes, Cunha conta que essa experiência lhe proporcionou uma infância bem tranquila. “O que eu mais fazia era brincar na rua, jogar futebol e frequentar o clube da cidade, que foi onde surgiu minha paixão por esportes”. Durante muitos anos o Acadêmico conciliou os estudos com a prática esportiva de vôlei e futebol, o que considera um fato de extrema importância para seu crescimento pessoal.
Segundo ele, os pais sempre trabalharam fora: o pai passava o dia todo na fazenda e a mãe, que a princípio era professora, tornou-se comerciária. “Eles sempre me incentivaram muito nos estudos. Acho que meu pai não podia pensar na possibilidade de que algum de seus filhos fosse trabalhar na roça”, afirma. Cunha diz que foi o primeiro da família a entrar na faculdade, já que seu irmão é cinco anos mais novo.
Na escola, o pesquisador sempre foi bom aluno, gostava da maioria das matérias, menos português. A disciplina preferida sempre foi Biologia, que, de acordo com ele, o encanto que surgiu em muito se deve à didática da professora que ministrava as aulas.
Cunha explica que por vir de uma cidade pequena e de uma família sem tanta formação, nunca vislumbrou ser um cientista. O interesse surgiu quando iniciou sua iniciação cientifica (IC) no departamento de farmacologia da FMRP, momento em que cursava o terceiro ano do curso de Farmácia e Bioquímica da USP de Ribeirão Preto. “Isso foi por volta de 2001, quando fui estagiário do Prof. Fernando Cunha e Sérgio Ferreira, ambos Membros Titulares da ABC”, diz ele. “Acho que foram os meus dois maiores influenciadores, cada um em um aspecto diferente, o que me fez ser, hoje, uma mescla científica de ambos”.
À medida que o tempo foi passando, Cunha foi se apaixonando pela pesquisa. “Meus amigos de faculdade falavam: Você nasceu pra isso”, conta. O Acadêmico continuou na IC por três anos e, em seguida, engrenou no mestrado, doutorado e pós-doutorado. “Pronto, veio minha contratação como docente no mesmo departamento que iniciei minha vida científica”, relata. A seu ver, os Acadêmicos que o ajudaram foram as pessoas mais importantes em sua carreira, mas outros dois pesquisadores sempre o incentivaram. “Agradeço ao Dr. Mauro M. Teixeira e ao Dr. Jader Cruz, que sempre abriram as portas de seus laboratórios para colaborações, sem contar a grande amizade”.
Cunha desenvolve uma linha de pesquisa que procura entender a dor crônica que muitas pessoas sentem. “Isso tem uma importância social e econômica muito importante. Os tratamentos são muito pouco efetivos e causam muitos efeitos colaterais”, explica. Desta forma, seu grupo acredita que entender como a dor crônica aparece fornecerá a possibilidade de desenvolver novos analgésicos e melhorará a qualidade de vida de uma boa parcela da população, principalmente a da população idosa.
Para ele, o que mais o encanta na ciência é a possibilidade de descobrir algo que possa mudar a vida das pessoas para melhor. “Isso gera uma ansiedade e uma vontade cada vez maior de trabalhar”, afirma. Para ser um cientista, Cunha diz que a curiosidade e a persistência são muito necessárias. “Principalmente aqui no Brasil, onde existem condições desfavoráveis, mas fazemos ciência de boa qualidade. Ou seja, precisamos de muita persistência”.
A um aluno que quer seguir carreira científica, o Acadêmico aconselharia pensar bem. “Escolha fazer ciência se realmente ama fazer ciência. Sou suspeito para falar porque amo o que faço, mas acho que o cientista deveria ser melhor valorizado em nosso país”, opina. Segundo ele, a carga burocrática das Universidades prejudica muitos cientistas brasileiros. “Acho que é hora de repensarmos a estrutura Universitária, para que, assim, possamos manter a excelência na docência e melhorar nossa ciência”.
Por fim, o Acadêmico conta que ficou muito feliz quando foi indicado a Membro Afiliado da ABC. “Para mim é uma honra participar de uma instituição que congrega os maiores cientistas de nosso país”, afirma. Cunha espera continuar sua caminhada científica para que, futuramente, venha ser nomeado membro efetivo da Academia. “Ter a oportunidade de conviver e conversar com as principais mentes da ciência brasileira é um benefício imenso. Com certeza estou sempre à disposição da ABC, para ajudar no que for preciso, seja organizando eventos ou divulgando a ciência pelo Brasil”, conclui.