O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Acadêmico Aloísio Araújo lançou, no dia 26 de outubro, o livro “Aprendizagem Infantil – uma abordagem da neurociência, economia e psicologia cognitiva“, que pode ser baixado aqui (PARTE I e PARTE II). A publicação é fruto do trabalho do grupo de estudos da ABC que trata do tema e é coordenado por Araujo. O lançamento aconteceu dentro da conferência realizada na FGV “Early Childhood: The International and Brazilian Experience”, que teve a presença do Prêmio Nobel de Economia James Heckman, do diretor da ABC Luiz Davidovich, do sociólogo e Acadêmico Simon Schwartzman, entre outros.

Araújo enfatizou a alegria por ter chegado à etapa final do esforço do grupo de estudos da ABC: “Tivemos vários encontros, convidamos diversos cientistas internacionais e conseguimos concluir o livro. Agradeço à Academia por acolher o nosso grupo e ajudar em todas as nossas iniciativas”.

O economista acredita que o livro será importante para estimular o debate sobre a aprendizagem infantil no país e o interesse pelo assunto. “Esse trabalho tinha mesmo que ser feito no âmbito da ABC porque envolve neurocientistas, educadores e economistas. Era a equipe adequada. Estamos com um sentimento de realização”, emocionou-se. O Acadêmico espera, agora, que o trabalho seja influente nas políticas públicas – apesar de já ter tido algumas participações em iniciativas do governo federal, estadual e municipal.

O membro da ABC Simon Schwartzman, um dos integrantes do grupo de estudos, informou que o livro é dividido em três partes principais. A primeira trata de questões relativas à aprendizagem, linguagem e escrita do ponto de vista da neurologia, e foi trabalhada por neurocientistas e neuroradiologistas. A segunda foi coordenada pelos economistas, responsáveis pela organização da informação disponível em diferentes áreas e de uma análise de custo e beneficio do impacto da educação infantil ao longo da vida. A terceira parte foi feita pelos profissionais da área da psicologia cognitiva e tem como tema os processos de aprendizagem da leitura e da escrita.

“São vários trabalhos, mas todos eles tratam de um tema comum, que é a educação infantil”, comentou Schwartzman, que afirmou que esta deve começar muito cedo. “Uma das conclusões importantes é a de que a educação não começa ao seis, sete anos. Ela começa em casa, quando a criança ainda é muito pequena e vai passar pela creche. Isso requer entender com mais clareza qual é esse processo e o que precisa ser feito; como se pode investir nessa fase inicial da formação”. De acordo com o sociólogo, é cada vez mais clara a ideia de que os ganhos nessa idade são muito importantes, assim como os prejuízos. Ou seja, a criança que não tem a oportunidade de uma boa educação pode ser prejudicada pelo resto da vida.

Erasmo Barbante Casella, neurocientista da USP e um dos integrantes do grupo de estudos da ABC, afirmou que a equipe de médicos tentou mostrar as evidências de que o cérebro tem áreas específicas para decodificação fonética. Ele explicou que, a partir dos quatro anos, essas áreas já estão ativas, de modo que é fundamental que elas sejam estimuladas precocemente, não apenas com oito ou nove anos. “A alfabetização precoce usando o estímulo fônico é importante, inclusive, para detectar atrasos de linguagem e problemas como a dislexia o quanto antes”.

Já o vencedor do Prêmio Nobel de Economia James Heckman afirmou que leu partes do livro e que o trabalho dos autores é de qualidade. “A ideia desenvolvida é muito importante e será essencial promovê-la no Brasil”, declarou. “O Aloisio tem uma grande perspectiva. Fico feliz de participar desse evento e de ter um livro como esse para mostrar ao mundo”.

Confira a matéria publicada pela revista Ciência Hoje sobre o livro “Aprendizagem Infantil – uma abordagem da neurociência, economia e psicologia cognitiva“.