Encerrando o 1o Simpósio Academia-Empresa da Bahia, o representante do Banco do Nordeste, Laércio de Matos Ferreira, palestrou sobre inovação tecnológica e o papel da instituição financeira no desenvolvimento do país. Ferreira possui graduação em Processamento de Dados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestrado em Administração pela Universidade Estadual do Ceará e doutorado em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, é assessor do Escritório Técnico de Estudos Econômicos (Etene) do Banco do Nordeste do Brasil.
Ferreira iniciou destacando alguns pressupostos teóricos que guiam a corrente econômica evolucionista neoschumpeteriana, como o fato de os mercados não serem atomizados e serem ambientes dinâmicos, em constante evolução. O administrador apontou o papel central das empresas na inovação, ressaltando que o processo inovativo deve ocorrer sem que haja perda da conexão com o ambiente e com os efeitos sistêmicos decorrentes dos impactos de cada inovação.
Segundo Laércio, novos norteadores são necessários para o cenário político econômico da região Nordeste, como uma maior integração logística e o investimento em zonas de processamento de exportações. “Eventos como a Copa do Mundo de 2014 são uma oportunidade para um maior investimento em informática e comunicação”, destacou.
O palestrante apresentou dados que demonstraram o crescimento e a importância da região. Nos últimos anos, o Nordeste apresentou um crescimento industrial acima da média nacional, o que leva a uma redução da concentração de renda no Sudeste, ajudando a reduzir as assimetrias regionais. Outro fator positivo foi a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida da população.
Alguns fatores, porém, impedem uma maior participação do Nordeste nas ações indutoras do desenvolvimento na região, através da utilização de recursos originários dos Fundos Setoriais. Laécio destacou, como exemplo, a não participação do setor produtivo nos comitês gestores, a ausência de representantes das principais instituições de apoio financeiro ao desenvolvimento nas regiões Norte e Nordeste e as dificuldades de enquadramento nas atividades desenvolvidas nos editais de apoio às atividades desenvolvidas na região.
O Banco do Nordeste dispõe, em seu cabedal de instrumentos de apoio à inovação tecnológica, de recursos não-reembolsáveis, acessíveis tanto por meio de editais customizados para o atendimento de demandas de determinadas dinâmicas produtivas (inovação tecnológica, pequenas e médias empresas, tecnologias voltadas para o Semi-Árido, controle ambiental, combate à desertificação, formação de redes de pesquisa e desenvolvimento), como em parceria com estados do Nordeste, em editais conjuntos.
Laércio acredita na importância da relação e da integração cada vez maior da academia com a empresa e informou que, no âmbito acadêmico, o BNB aporta recursos, por meio de editais, para a elaboração de teses e dissertações, com especial atenção para a difusão de tecnologias sociais de convivência com o Semi-Árido. O aministrador encerrou sua apresentação com uma frase de José de Alencar, que bem caracteriza a visão e inovação: “Tempo virá em que uma palavra que cair do bico da pena daí a uma hora correrá o universo por uma rede imensa de caminhos de ferro e de barcos de vapor, falando por milhões de bocas, reproduzindo-se infinitamente como as folhas de uma grande árvore”.