“Inovação”, palavra recém-incorporada ao nome do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), vem sendo um elemento constante nos discursos do ministro Aloizio Mercadante – e também em medidas concretas – desde que ele assumiu a pasta.

O nome foi alterado para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação pela presidente Dilma Rousseff, durante o lançamento do Plano Brasil Maior, na última terça-feira (2). A mudança faz parte da Medida Provisória 541, que também incentiva exportações e reestrutura o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro/MDIC).

No lançamento do plano, Mercadante comentou que o País será competitivo se tiver capacidade de inovar, se mudar a cultura passiva diante da tecnologia. “Para isso, precisamos também de parcerias criativas entre o Estado e o setor privado”, acrescentou.

Recursos e estrutura

Promover essa dimensão é um dos principais objetivos da Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação na Indústria (Embrapii), com criação oficializada em memorando de intenções assinado entre o ministério e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ontem (3). A ideia é seguir o modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Só lidera quem inova”, defendeu o ministro na assinatura. O documento prevê a criação de um grupo de trabalho para desenvolver o projeto piloto.

Outra medida que marca essa ênfase é o fortalecimento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Aloizio Mercadante comemorou os novos créditos aprovados para a agência, de R$ 2 bilhões. “Estamos falando de R$ 5 bilhões [no total], cinco vezes mais do que os valores do ano passado. Isso mostra claramente o compromisso de aprofundar os esforços em direção da inovação”, avaliou.

Mais um reforço de peso é o programa Ciência Sem Fronteiras, parceria com o Ministério da Educação com a meta de financiar 75 mil bolsas de estudos para alunos brasileiros “nas melhores universidades do mundo”, como destacou o ministro. O apoio abarca graduação, doutorado e pós-doutorado, bem como estágios em empresas estrangeiras e atração de lideranças científicas renomadas com o fim de repartir conhecimento com pesquisadores do País.

Sustentabilidade

Já em seu discurso de posse, em janeiro, Mercadante anunciou que pretendia trabalhar para aumentar o volume de investimentos no setor e na inovação. “Temos todo o potencial para ser o primeiro país tropical desenvolvido, se efetivamente avançarmos rumo à sociedade do conhecimento e à sustentabilidade ambiental”, disse.

No Seminário Brasil do Diálogo, da Produção e do Trabalho, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em maio, Mercadante alertou para o risco de o País se acomodar como exportador de commodities (produtos agrícolas e minerais). “Economia do futuro é uma economia do conhecimento”, enfatizou.

Ele também avaliou que investimento externo é desejável, “desde que traga tecnologia, que fortaleça as empresas daqui”. Esse cuidado perpassou as negociações para a fabricação de tablets no País, que envolverá progressivo uso de componentes nacionais.