No dia 5 de julho, em sessão solene na Academia Nacional de Medicina (ANM), o diretor da ABC Jerson Lima da Silva foi empossado na cadeira de número 84. Compuseram a mesa do evento o presidente da ANM Pietro Novellino, diversos membros da diretoria, o secretário de estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e deputado federal Alexandre Cardoso, o Acadêmico Wanderley de Souza, o presidente da Capes e Acadêmico Jorge Almeida Guimarães, o presidente da ABC Jacob Palis, o presidente do Inmetro e Acadêmico João Jornada e o presidente da Faperj Ruy Garcia Marques, dentre outras autoridades.
O Acadêmico Wanderley de Souza, em seu discurso de saudação a Lima, disse sentir uma grande satisfação de presenciar a integração de um ex-aluno da faculdade de medicina da UFRJ e do curso de pós-graduação da casa de Carlos Chagas Filho que, com o tempo, se tornou um colega e amigo. “Hoje, saudamos Jerson Lima, conhecido pela sua contribuição à nova área da Biologia Estrutural, onde ocorre a mais perfeita integração da Biofísica, da Bioquímica e da Biologia Celular”.
Souza destacou a atuação da ANM, que no dia 30 de junho completou 182 anos de existência e tradição. Fundada em 1829, a Academia, em toda a sua história, contou apenas com 645 Membros Titulares, sendo o Prof. Jerson o Acadêmico de número 646. “A Academia Nacional de Medicina vem desempenhando papel importante de assessoramento de autoridades e de governos nas áreas da saúde, da ciência e da educação. Dois de seus membros atuais, Adib Jatene e José Gomes Temporão, foram ministros de Estado da Saúde”.
Sobre o novo Acadêmico
Nascido no dia 29 de fevereiro de 1960, na cidade do Rio de Janeiro, filho de Hugo Benedito da Silva e Janete Lima da Silva, Jerson Lima cursou a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, finalizando o curso em 1984. “Conheci Jerson, inicialmente, como aluno de graduação e, em seguida, no curso de pós-graduação de Biofísica. Tive o prazer de presidir a banca examinadora de sua tese de doutorado, defendida em 27 de março de 1987”, contou Souza.
Lima obteve seu título de PhD pela Universidade de Illinois, nos EUA, onde realizou experimentos importantes sobre a estrutura de proteínas e modificações de estrutura decorrente de influências ambientais. “Logo se entusiasmou pelo uso de altas pressões. Das proteínas purificadas, passou a se interessar por sistemas biológicos mais complexos como as partículas virais, o que o fez ingressar na área da Biotecnologia”, explicou o Acadêmico.
A obra científica do novo empossado se expressa em 144 artigos científicos publicados em revistas internacionais de grande destaque, com cerca de três mil e quinhentas citações internacionais, e é reconhecida nacional e internacionalmente. Atualmente, Lima é Professor Titular de Bioquímica da UFRJ, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês), presidida atualmente pelo presidente da ABC Jacob Palis.
Jerson Lima recebeu vários prêmios, como o da Fundação Guggenheim, o Prêmio Sendas de Saúde, o Prêmio TWAS em Ciências Biológicas e, mais recentemente, o da Fundação Conrado Wessel, de grande prestígio e valor no Brasil. “Em reconhecimento público à sua contribuição científica, recebeu do Presidente da República, em 2002, a comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico”, acrescentou Wanderley.
Lima também atua na formação de recursos humanos, orientando desde estudantes do ensino médio até pós-doutorandos. Atua também na gestão de política científica, sendo não somente diretor da ABC, como também diretor-científico da Faperj. “Acadêmico Jerson Lima, a Academia Nacional de Medicina o recebe esta noite com grande expectativa, após um processo eleitoral em que obteve a quase totalidade dos votos dos Acadêmicos presentes no dia da eleição”, concluiu Souza.
Discurso de posse
Inicialmente, Lima agradeceu ao professor e Acadêmico Sergio Verjovski de Almeida, que foi três vezes seu orientador, e ao professor e Acadêmico Leopoldo de Meis, que fundou o Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.
Após fazer um breve relato sobre o caminho que trilhou, o Acadêmico disse ter a convicção de que os cientistas devem prestar contas à sociedade, seja através dos resultados diretos da pesquisa, seja através da participação efetiva em instituições, agências e academias que busquem ampliar a interação da Ciência e Tecnologia com o público. “Considero crucial a busca de novos talentos para a Ciência e o estímulo aos jovens pesquisadores para uma carreira de excelência. Temos que encurtar o tempo para o primeiro Prêmio Nobel brasileiro, oxalá em Medicina, e quem sabe a um dos jovens cientistas presentes”, brincou Jerson Lima (na foto ao lado, recebendo o diploma das mãos do presidente da ANM e do Acadêmico José Rodrigues Coura).
Segundo Lima, o estado da ciência médica atual mostra a grande importância da pesquisa translacional, exigindo uma grande aproximação da pesquisa básica com a pesquisa clínica. “Esta Academia, que congrega a excelência de clínicos e cirurgiões com pesquisadores de ponta, é o pano de fundo adequado para discussão de como buscar patamares mais elevados para as Ciências da Saúde”, acrescentou.
Ao mencionar seu trabalho como diretor-científico da Faperj, Lima ressaltou que, enquanto a atividade de pesquisa científica exige concentração e foco nas questões estudadas, as atividades de gestão e de política científica demandam uma visão do todo. “O Brasil encontra-se na 13ª posição na produção de artigos científicos indexados, mérito dos pesquisadores e dos órgãos de fomento federais, como a Capes, CNPq e Finep, bem como das Agências estaduais, como Faperj, Fapesp e todas a outras fundações estaduais. Mais os desafios ainda são muitos e temos que avançar tanto em termos qualitativos como quantitativos”, ressaltou.
Em seus agradecimentos finais, Lima lembrou de todos os presentes, além dos professores e pessoas que marcaram sua trajetória. “Agradeço ao Acadêmico Wanderley de Souza, que me brindou com esta generosa saudação de ingresso, a todos os meus colaboradores e funcionários da Faperj, à minha família, incluindo meus quatro filhos e esposa Débora Foguel (na foto ao lado com o Prof. Jerson e o presidente da ABC Jacob Palis), grande parceira como cientista e mãe dos nossos filhos, e aos meus pais, que deram a mim e aos meus irmãos uma educação exemplar e tudo o que eles não conseguiram ter. Sempre tive a sensação de que nasci em uma família com muito valor. Tive muita sorte”, finalizou.