O diretor científico do Instituto Tecnológico Vale no Pará, Luiz Carlos Silveira, participou, no dia 29 de junho, do Simpósio Academia-Empresa, organizado pela ABC e Faperj. Atualmente professor da Universidade Federal do Pará, o palestrante apresentou a mineradora brasileira Vale, atualmente a segunda maior do mundo. “Temos a ambição de ser a maior mineradora do planeta através da aposta em tecnologia e inovação”, afirmou.
Segundo Silveira, a Vale tem seus próprios institutos de pesquisa e tecnologia há bastante tempo e, com eles, vem trabalhando em desenvolvimento tecnológico. As áreas principais de atuação são, além da mineração, logística e energia: “Primeiro porque a empresa precisa transportar seu minério. Fora isso, não tem como não desembocar no fator energia”.
O palestrante afirmou que companhias como a Vale precisam ter cuidado com a forma com que as ideias nascem e como elas são transformadas em empresas, mencionando que empreendimentos que surgiram no Brasil há 20 anos ou desapareceram ou se adaptaram. “A Nokia, por exemplo, era uma madeireira na Finlândia. A Bayer trabalhava com um único corante no início, depois foi se desenvolvendo e se tornou uma empresa farmacêutica”, exemplificou Silveira.
A Vale, assim como outras grandes empresas, tem a preocupação com o futuro dela daqui a 20 ou 30 anos, conforme afirmou o médico e doutor em Biofísica. Por isso, pensa em como pode diversificar sua atividade. “A empresa tem atuado no desenvolvimento de tecnologias para redução do consumo de água, de CO2, de emissão e espalhamento de poeira, entre outros”, comentou Silveira. Ele também disse que a companhia passou a investir em bioenergia, extraída a partir de determinados óleos vegetais, mencionando que esta atividade é intensa no Pará.
De acordo com Luiz Carlos Silveira, esses tipos de operação são realizados pelos centros de pesquisa da empresa. O Instituto Tecnológico Vale (ITV) é uma iniciativa que surgiu para se buscar novas tecnologias, visando criar novos mercados e negócios. O chefe do departamento científico do ITV é o professor, neurocientista e membro da ABC Luiz Mello. Ele integra a estrutura do ITV, que também é formada por três gerências, além da Coordenação de Cooperação e Fomento.
O professor informou que, atualmente, estão sendo criadas redes de pesquisa, de modo que foi feita a seguinte divisão entre três ITVS: um deles é o ITV para mineração, em Ouro Preto (MG). “O lugar foi escolhido porque é onde nasceu a Vale, é o berço da mineração”, comentou. O outro é o ITV para energia, em São José dos Campos (SP), cidade onde fica o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O último é o ITV para o desenvolvimento sustentável, em Belém. “A escolha da cidade se deu não apenas porque a Vale tem grandes operações no Pará, mas porque a cidade tem, em termos de comunidade acadêmica, o mínimo necessário para se criar um instituto com tal ambição, afirmou Silveira.
Além disso, Belém está no choque geográfico e temporal de algumas fossas e no “portal” da Amazônia: “É lá que as águas do Amazonas e do Atlântico se chocam, e onde há muita biodiversidade”, afirmou Silveira. Ele ressaltou que, graças à globalização e ao progresso, a população dispõe de acesso a tudo que a civilização moderna pode oferecer. “Porém, o investimento deficitário em educação faz com que haja problemas gravíssimos de transporte, alocação de recursos etc.”
Em relação à questão ambiental, bastante debatida no Simpósio, Luiz Carlos Silveira afirmou que o desenvolvimento sustentável é uma proposta de encontrar um caminho para a humanidade que não seja apenas econômico, mas que considere da mesma forma, com o mesmo peso, os aspectos ambientais e sociais.