O presidente da Capes e Acadêmico Jorge Guimarães esteve na Reunião Magna 2011 da ABC para apresentar dados da instituição e falar sobre o Plano Nacional de Pós-graduação 2011-2020 (PNPG 2011-2020). A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Educação, apresentado, no mesmo evento, pelo ministro de Educação, Fernando Haddad.
De acordo com Guimarães, o último plano, que englobou o período de 2005 a 2010, cumpriu quase todas as metas, inclusive a absorção de recursos humanos planejados por período. “A única meta não cumprida foi o aumento do pessoal na área de Engenharia”. Agora, será a primeira vez que o plano vai cobrir um período tão longo.
Temas tratados
Segundo Jorge Guimarães, o PNPG 2011-2020 contém 14 capítulos que tratam dos planos anteriores, da situação atual da pós-graduação no Brasil, das perspectivas de crescimento da mesma, do seu sistema de avaliação, da sua distribuição no território nacional, da internacionalização e cooperação internacional, do financiamento e da importância da interdisciplinaridade da pós-graduação. “Outros importantes eixos do plano são a expansão do Sistema Nacional de Pós-graduação (SNPG), além do apoio a outros níveis de ensino”, destacou.
Guimarães enfatizou que os programas de pós-graduação não estão bem distribuídos pelo Brasil. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o índice é baixíssimo, no Nordeste é incipiente e mesmo no Sudeste e no Sul, áreas de maior concentração de cursos, existem locais que não apresentam nenhum programa. No que diz respeito ao financiamento da pós-graduação, é previsto um aumento do percentual do PIB investido pelo governo e do investimento privado em CT&I , a integração entre órgãos do governo para compor uma agenda estratégica nacional, a eliminação dos entraves burocráticos e outras medidas.
Dados gerais, desafios e metas
De acordo com o Acadêmico, os investimentos da Capes sextuplicaram entre 2003 e 2011. As aplicações na cooperação internacional – que entre 2005 e 2007 era inexistente – cresceram mais de duas vezes desde 2008. Os investimentos em bolsas no exterior, que sofreram uma pequena redução entre 2008 e 2010, voltaram a subir em 2011.
Guimarães comentou, no entanto, que o anúncio da presidente Dilma Rousseff, sobre conceder 75 mil bolsas no exterior até 2014, não estavam nos planos da Capes. “O presidente norte-americano, Barack Obama, a provocou, alegando que os EUA acolhem 80 mil chineses, então o Brasil deveria receber 100 mil”, contou. “A presidente tomou isso como um desafio e agora a Capes e o CNPq estão trabalhando em temas e ações específicas”. O Acadêmico afirmou que já mandou duplicar o número de “bolsas-sanduíche” na Capes, área considerada prioritária.
Jorge Guimarães ressaltou, também, que 59% dos alunos de pós-graduação brasileiros são bolsistas da Capes, 24% são discentes com bolsa do CNPq, 11% tem bolsa das Funcações de Amparo à pesquisa (FAPs) dos estados e os 6% restantes são bolsistas de outras fontes. “O orçamento da Capes projetado para as bolsas de pós-graduação no país para o ano de 2013, é de 1,5 bilhão de reais. Em 2020, pretende-se chegar ao valor de 3,6 bilhões de reais.”
Em relação aos desafios e metas, o Acadêmico mencionou o fato de o Brasil ter, atualmente, 1,4 doutores a cada mil habitante, enquanto que, na Suíça, esse índice é de 23, na Alemanha, 15,4 e, nos Estados Unidos, 8,4. “Assim, só vamos alcançar a Suíça em 2040”, alertou. Guimarães comentou a declaração do reitor da USP, João Grandino Rosas, de que a universidade paulista forma mais doutores do que Harvard: “É verdade, mas ainda estamos longe de ter um número de doutores proporcional à população ativa, ao PIB e às nossas riquezas naturais”.
O presidente da Capes acrescentou que, entre as metas do Plano Nacional de Educação, estão a titulação de 19 mil doutores, 57 mil mestres e 6 mil mestres profissionais por ano a partir de 2020. “A proposta é aumentar o número de doutores por mil habitantes de 1,4 para 2,8 em 2020, ter titulado 150 mil doutores e 450 mil mestres no período, além de posicionar o Brasil entre os dez países maiores produtores de conhecimentos novos”, informou, otimista.
Produção científica e educação básica
O palestrante apresentou dados relativos à produção científica do Brasil, correspondente a 2,7% da mundial. O país ocupa a 13a posição no ranking, que tem os Estados Unidos em primeiro lugar, com 28,6%. No entanto, a taxa de crescimento da produção científica brasileira entre 1981 e 2008 foi mais alta do que a média mundial. “A produção científica é a forma de se saber que o investimento foi importante, e é isso que estamos avaliando aqui”, afirmou. Ainda assim, o impacto de tal produção é baixo – o índice é de 3,04. O da Suíça é o maior: 8,02. Os EUA, apesar de terem o maior número de artigos publicados, têm um índice de impacto de 7,08.
Quanto ao público-alvo da educação básica, o presidente da Capes apontou que em torno de 10% dos jovens entre 16 e 17 anos trabalham em vez de estudar e mais de 20% estudam e trabalham. Já entre os jovens de 10 a 15 anos, quase 10% estudam e trabalham, enquanto aproximadamente 5% só trabalham, cuidam dos afazeres domésticos ou não realizam nenhuma atividade.
Jorge Guimarães afirmou que um dos maiores desafios é a formação de pessoal na educação básica. “Não é fácil atrair pessoas para essa área”, comentou. “Por isso ela é prioridade, juntamente com a área tecnológica, em que também falta pessoal. As outras, como Biológicas, Medicina, Agrárias, Humanas, essas vão por elas mesmas em processo crescente sem enfrentar nenhuma queda”.
O presidente da Capes destacou, como metas relativas a esse desafio, a promoção da ampliação dos editais destinados à pesquisa em educação básica, a valorização e formação dos profissionais do magistério deste segmento educacional e a ampliação da interação dos programas de pós-graduação e da Universidade Aberta do Brasil com os cursos de licenciatura.
Outras medidas apresentadas foram a ampliação da interlocução com os sistemas estaduais e municipais de ensino, o estímulo à participação de cursos de pós-graduação de outras áreas do conhecimento além da Educação e o estímulo ao desenvolvimento de estudos visando à formatação do ensino de Ciências na Educação Básica.
Internacionalização da educação
Em relação à internacionalização, o presidente da Capes referiu-se ao objetivo de estimular a captação de conhecimento novo através do envio de mais estudantes para estágios de pós-doutoramento em outros países, além do incentivo à atração de mais alunos e pesquisadores de outros países e o aumento do número de publicações com instituições estrangeiras.
De acordo com o Acadêmico, o Brasil vive um momento de atração de estudantes estrangeiros e aposentados. “Os Estados Unidos e a Europa estão com problemas de absorção de quadros de alto nível. É comum encontrar quem já veio ou quem quer vir para o Brasil”. Guimarães apontou que a maioria dos brasileiros que vai estudar no exterior volta, porque existe mercado de trabalho. “Na Capes, 99,7% dos bolsistas no exterior retornam para o país”, afirmou. “Estamos lançando um programa para brasileiros que queiram voltar ao Brasil e outro para atrair estrangeiros, sobretudo no pós-doutorado.”
Jorge Guimarães comentou que um dos entraves para a internacionalização da educação é a língua portuguesa. Afirmou, no entanto, que os jovens têm absorvido o inglês com enorme facilidade. “A Capes vai oferecer um programa interativo de língua inglesa”, contou o Acadêmico. “Estamos em negociação final e isso vai ser aberto à comunidade e financiado pela Capes como forma de estimular uma segunda língua”
Acesse a apresentação em power point do presidente da Capes, Jorge Guimarães.