Nos dias 24 e 25 de janeiro, o ministro de Ciência e Tecnologia Aloizio Mercadante visitou o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) para reuniu-se com representantes das áreas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e conhecer projetos e pesquisas do instituto. Segundo Mercadante, a visita à Amazônia deveu-se ao fato de que a região contribui com 8,5% do PIB do Brasil, mas recebe apenas 2,5% dos investimentos em ciência.

O ministro ressaltou, no entanto, que o último governo esforçou-se para reverter esses dados e obteve avanços nos últimos anos: “Tínhamos 14 cursos de doutorado na região e hoje temos 40. Por ano, eram formados apenas 390 doutores, agora são mais de 1.300. Portanto, houve uma evolução positiva”, afirmou. Mercadante também enfatizou o potencial do Inpa, mencionando os cursos de pós-graduação e as pesquisas em áreas variadas: “O Inpa é um dos mais importantes centros de excelência do mundo em doenças tropicais, com uma grande contribuição a toda produção de conhecimento da região”.

Na visita, Mercadante anunciou que o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Adaptações da Biota Aquática (INCT/Adapta). Sediado no Inpa, fará parte da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima). Criada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia no final de 2007, a Rede visa produzir conhecimento de modo que o país responda aos desafios gerados pelas alterações no clima mundial. Segundo o Acadêmico e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre, a Rede Clima começará a atuar este ano e incluirá mais três sub-temas: oceanos, desastres naturais e serviços ambientais dos ecossistemas, este último coordenado pelo Inpa. “É uma coordenação nacional e hoje vimos nas apresentações do Inpa, Museu Emílio Goeldi e do Instituto Mamirauá como esse assunto é importante”, afirmou o Acadêmico.


Aloizio Mercadante, entre Carlos Nobre (à esquerda) e Adalberto Val (à direita)

O vice-presidente regional da ABC e diretor do Inpa Adalberto Val enfatizou que a integração do instituto à Rede Clima será importante para a Amazônia: “O Inpa se preparou para isso, pois tem um conjunto de pesquisadores, tem o equipamento, além de várias informações que o credencia para executar o trabalho”.

Em relação à região, Mercadante destacou a sua importância para a ciência nacional e confirmou que a Amazônia será uma das prioridades do Ministério. “O país tem que entender que aqui nós temos quase metade do nosso território, o maior patrimônio genético, além do maior centro de biodiversidade e, portanto, a Amazônia tem importância estratégica”, declarou. Ele defendeu, ainda, a sustentabilidade da região a partir do investimento no conhecimento: “É preciso primeiro conhecer, a partir daí é que vamos saber como usar os recursos de forma sustentável”.

O ministro ressaltou, também, a escassez de pesquisadores em uma região de dimensões tão grandes como a Amazônia. Segundo Mercadante, a formação de recursos humanos ainda é um grande desafio para o país, sendo necessárias ações para fixar doutores na região. “Produção científica é a base do processo de aprendizado da democratização e socialização do conhecimento”, declarou. “Nós precisamos de mais pesquisadores que tenham coragem de se dedicar a Amazônia”.

No encontro, foi destacada também a necessidade de facilitar os processos de patente. Mercadante prometeu uma audiência com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel para os próximos dias, juntamente com as instituições de pesquisa da região Norte, de modo a criar um escritório do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) no local: “Pretendemos trazer técnicos para cá, para criar uma cultura de patentes a fim de facilitar, baratear e agilizar o processo de patentes”, afirmou o Ministro. Em 2010, O Inpa teve nove processos e produtos patenteados. Desde sua fundação, há 56 anos, foram 61 patentes aprovadas.

No dia 25, o ministro visitou a Reserva Experimental Adolpho Ducke do instituto e conheceu plantações e a potencialidades de diversos frutos amazônicos. O coordenador do programa de pós-graduação em Botânica (PPG-BOT) Alberto Vicentini afirmou que há uma carência de estudos nessa área e que pouco se conhece sobre a Amazônia. Mercadante propôs a criação de uma plataforma para registro de todos os dados botânicos produzidos no país e ofereceu total apoio para sua elaboração.

O ministro também conheceu o projeto Experimento de Larga Escala na Biosfera- Atmosfera (LBA, na sigla em inglês) que busca compreender o funcionamento dos ecossistemas da Amazônia, e a torre ATTO, em fase de implantação. Instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Utuamã, a torre terá 320 metros e será a primeira deste tipo na América do Sul. É um projeto bilateral entre Brasil e Alemanha.

Mercadante destacou que o país possui 23% da biodiversidade do planeta e que isso deve ser aproveitado e valorizado, de modo a colocar a ciência a serviço da sociedade para gerar renda e emprego. Falou sobre os caminhos da ciência no Brasil, ressaltando que o país ocupa a 13ª posição mundial em termos de produção científica e que a participação na área cresce cinco vezes mais do que a média internacional. “O desafio é transformar essa produção científica em inovação, investimento, emprego e soluções concretas em prol da sociedade”. Segundo Mercadante, a prioridade do ministério será a inovação, mas sem perder a qualidade da pesquisa científica.

O ministro declarou que a economia do futuro será de conhecimento, mas também deverá ser de sustentabilidade ambiental e frisou que, na Amazônia, existem esses dois movimentos. “Temos que fazer com que a produção científica, ou seja, os pesquisadores, mostrem mais o que estão fazendo, pois nós precisamos motivar os jovens a estudar e a fazer ciência”, afirmou Mercadante.