A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina/Hospital São Paulo (SPDM/HSP) obteve a primeira colocação na categoria Saúde e Meio Ambiente da edição 2010 do Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, com o Projeto de Saúde do Parque Indígena do Xingu. O Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente foi instituído pelo Ministério do Meio Ambiente em 2002, com o objetivo de valorizar e incentivar iniciativas de proteção do meio ambiente que contribuam para a promoção do desenvolvimento sustentável da região amazônica brasileira.

Na opinião do Acadêmico Rubens Belfort Jr., presidente da SPDM, o Projeto Xingu é um exemplo das atividades realizadas pela SPDM e do sucesso da parceria entre a SPDM/Hospital São Paulo (entidade privada e filantrópica) e a EPM, hoje parte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Há mais de 40 anos atuamos em conjunto, proporcionando assistência médica, clínica e cirúrgica, na região amazônica e no HSP, produzindo conhecimentos científicos importantes, além de contribuir para a formação de recursos humanos e de líderes comunitários, principalmente nas áreas de educação e saúde, relacionados às comunidades indígenas e válidos para toda a região amazônica.”

O Projeto Xingu

Em 1965, o sertanista Orlando Villas-Boas convidou o prof. Roberto Geraldo Baruzzi para desenvolver um programa de saúde com a EPM e o Hospital São Paulo no Parque Indígena do Xingu. Pelo acordo inicial, a EPM passou a enviar equipes de médicos, enfermeiras e dentistas quatro vezes ao ano para a região. O convênio disponibilizava o Hospital São Paulo para atendimento de casos clínicos ou cirúrgicos especializados. As equipes também colaboravam quando ocorriam epidemias e em situações de contato com grupos indígenas isolados, como os panará e os zoé.

Desde então, sempre em conjunto com a Escola Paulista de Medicina/Unifesp, a SPDM desenvolve atividades de atenção integral à saúde, envolvendo assistência, formação profissional, promoção de saúde e pesquisas. O trabalho abrange o Ambulatório do Índio e o Hospital São Paulo, referência nacional em atendimento à média e alta complexidade de pacientes indígenas, em articulação com o subsistema de saúde indígena, componente do SUS.

No Xingu, suas equipes multiprofissionais respondem pela atenção básica à saúde, incluindo a vacinação e os principais programas de saúde, como o acompanhamento do desenvolvimento e crescimento das crianças, saúde da mulher com ênfase no pré-natal e controle do câncer uterino, programa de controle da tuberculose, DST e doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial e diabetes, e saúde do adulto e do idoso. Como resultado, os indicadores de saúde assemelham-se aos de centros urbanos desenvolvidos e refletem a estruturação dos serviços de saúde realizada pela SPDM.

A partir de 1990, o Projeto Xingu deu início à formação de agentes de saúde e auxiliares de enfermagem indígenas, com a perspectiva da formação profissional em saúde. Todo o processo de ensino-aprendizagem foi realizado com base na realidade local, o perfil epidemiológico, os sujeitos, suas vivências e seus conhecimentos. Foram trabalhados temas referentes a atenção primária, saneamento, técnicas de enfermagem e de laboratório. Os cursos têm sido realizados de forma modular e persistem até os dias de hoje, formando novas turmas.

Além da capacitação dos profissionais das equipes locais, foram realizados cursos de formação para, aproximadamente, cem agentes indígenas de saúde e 16 auxiliares de enfermagem indígenas. No momento, estão em formação 26 gestores indígenas, com foco na gestão dos serviços locais de saúde. “Esse processo consolidou o protagonismo dos indígenas na construção do sistema local de saúde, na tomada de decisões e no controle social da saúde, em busca da qualidade de vida baseada no modo de viver e pensar o processo saúde-doença desses povos”, atesta o dr. Douglas Rodrigues, responsável pelo Projeto Xingu, completando que a SPDM acompanhou, como parceira, todo esse período, possibilitando a contratação das equipes que atuam no Projeto Xingu.

No mês de setembro, a SPDM assinou convênios com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o município de São José do Xingu, em Mato Grosso, que garantirão a manutenção dos trabalhos de assistência à saúde indígena, pesquisa e ensino na região, para formação de profissionais indígenas que atuarão no próprio Projeto Xingu. A meta agora é consolidar a estrutura de atendimento diferenciado do Ambulatório do Índio do Hospital São Paulo e ampliar as atividades junto aos povos indígenas do estado de São Paulo, possibilitando o envolvimento de maior número de alunos de graduação e pós-graduação nas atividades de extensão em saúde indígena da Unifesp, com apoio da SPDM. Estão envolvidos no Projeto Xingu 102 colaboradores contratados pela SPDM, sendo 88 profissionais indígenas.

A SPDM

A SPDM é a maior entidade filantrópica de saúde do Brasil – com mais de 28 mil colaboradores, atuando em 15 municípios, com a vocação de contribuir para a melhoria dos serviços médicos prestados à população. A entidade é constituída por três grandes eixos complementares, em nível federal, estadual e municipal, em harmonia com a Unifesp e as políticas de saúde e educação brasileira – o Hospital São Paulo, a Rede de Unidades Afiliadas e o Programa de Atenção Básica e Saúde da Família (PABSF).