Um grupo de acadêmicos brasileiros articula o lançamento de kits para estimular o interesse de jovens pela pesquisa e elevar o patamar do aprendizado de ciências no ensino médio do país.
A ideia é fazer com que cada estudante que adquira o produto -que seria vendido em bancas de jornal por R$ 15 ou R$ 20- reproduza experimentos cruciais da história da ciência sem sair de casa. A coleção, que já tem nome, “Aventuras na Ciência”, e protótipo do primeiro kit, inspira-se em “Os Cientistas”, fascículos lançados pela extinta Funbec (Fundação Brasileira para o Ensino da Ciência) em parceria com a Editora Abril.
Como haverão de recordar os leitores com mais de 40 anos, os kits fizeram sucesso nos anos 1970. Eram estojos de isopor que vinham com o material necessário para as experiências, baseadas em descoberta clássica de um cientista. Um folheto orientava o estudante na montagem e explicava o que deveria ser medido. Também constavam a biografia do cientista e a história da descoberta.
Como todas as boas ideias, essa também tem problemas. O mais grave deles é que ainda não possui viabilidade financeira. Para consegui-la, os acadêmicos esperam o apoio do BNDES.
O protótipo já foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os pesquisadores aguardam agora que o presidente os receba em audiência, da qual também participariam os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e da Educação, Fernando Haddad.
“O Brasil está avaliado entre os piores países do mundo em ensino de ciências no nível médio. O projeto dos kits permitirá, em curto prazo, promover um salto de qualidade”, diz o físico e Acadêmico Herch Moysés Nussenzveig, um dos autores da ideia. “Queremos que a garotada se divirta e apaixone com o que está fazendo, o que não costuma acontecer nas salas de aula”, acrescenta.
Além de Nussenzveig, professor da UFRJ, fazem parte do grupo o Acadêmico Isaias Raw, do Instituto Butantan, idealizador de “Os Cientistas” original, a educadora Myriam Krasilchik, a bióloga Eliana Dessen e os seguintes Acadêmicos: a bióloga Mayana Zatz, o físico Vanderlei Bagnato, a astrônoma Beatriz Barbuy, o químico Henrique Toma e o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz.
Pelo plano dos pesquisadores, seria necessário um investimento inicial de R$ 10 milhões do BNDES, para erguer a fábrica que prepararia os kits. Outra forma de incentivo almejada pelo grupo é que o MEC compre parte dos estojos para distribuí-los em escolas públicas. Isso permitiria reduções no preço.
“O projeto poderá chegar a pelo menos 1 milhão de crianças. Lula deu um grande estímulo às Olimpíadas de Matemática quando soube que envolveriam milhões de alunos. No caso dos kits, o alcance e as repercussões para o país seriam ainda maiores”, diz Nussenzveig.