O geneticista Bernardo Beiguelman morreu na terça-feira (5/10), aos 78 anos. Foi fundador, em 1963, do Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), o primeiro do gênero na América Latina.

Graduado em História Natural pela Universidade de São Paulo (USP), Beiguelman se especializou em Genética e fez o doutorado na USP, obtendo o título de livre docente na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Foi um dos primeiros professores da Unicamp, tendo participado do processo de implantação da universidade e testemunhado o processo da escolha do terreno para a instalação do campus, realizado por Zeferino Vaz.

Na Unicamp, implantou o Ambulatório de Genética Clínica (1969) e foi um dos mentores do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG). Foi pró-reitor de Pós-Graduação da universidade entre 1986 e 1990 e se aposentou na mesma instituição, em 1997.

Depois de aposentado, manteve vínculo sem remuneração com a Unicamp colaborando com o curso de Pós-Graduação em Genética do Instituto de Biologia. Nesse período, também foi professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Biologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e membro do Conselho de Pós-Graduação do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

De 1972 a 1992 foi consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi membro do corpo de revisores da nomenclatura internacional de doenças do Council for International Organization of Medical Sciences e da OMS, membro eleito da Comissão de Seleção da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e presidente da Regional de Campinas dessa Academia.

Foi membro do Comitê Assessor de Genética do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tendo sido eleito por duas vezes para a Comissão Assessora do Programa Integrado de Genética do CNPq.

Entre 1970 e 1972, foi presidente da Sociedade Brasileira de Genética e da Associação Latino-americana de Genética. Era membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e foi conselheiro da SBPC em diversas gestões.

Foi assessor científico ad hoc da Fapesp e de outras instituições de fomento à pesquisa. Foi editor associado da revista Genetics and Molecular Biology e fazia parte de conselhos editoriais de diversas outras, como Hansenologia Internationalis, Revista da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e Medicina, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Produziu mais de 400 trabalhos científicos entre livros, teses, capítulos, publicações em revistas e comunicações em congressos. Orientou cerca de cerca de 70 pesquisadores, muitos dos quais se tornaram expoentes na área de ensino e pesquisa em genética médica.

Seus trabalhos foram reconhecidos com diversos prêmios como a medalha do CNPq, em 1981, e a placa de prata da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em 1982, instituição na qual também recebeu o título de professor emérito, em 2004.

Entre os seus trabalhos mais importantes estão estudos sobre a resistência e a suscetibilidade hereditária à hanseníase e pesquisas sobre genética antropológica. Recentemente estava se dedicando a investigações sobre a epidemiologia de gêmeos.

O corpo do professor Beiguelman foi velado no Hospital Albert Einstein e sepultado na manhã de quarta-feira (6/10) no Cemitério Israelita do Butantã, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.