O PhD em remediação ambiental de ecossistemas Stanley Liphadzi apresentou sua palestra sobre o papel da Comissão de Pesquisa em Águas da África do Sul, baseada em Pretória, durante o evento Improving Access to Safe Water: Perspectives from Africa and the Americas, organizado pela Academia Brasileira de Ciências em parceria com o Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental (IIEGA), sediado em São Carlos e presidido pelo Acadêmico José Galizia Tundisi, que coordena o Grupo de Estudos da ABC sobre Recursos Hídricos.
Tanto em nível global como local, os problemas relacionados à escassez de água estão se destacando como novos desafios, de porte similar ao das mudanças climáticas, energia e segurança alimentar. Tecnologias e estratégias de mitigação e adaptação desafiam continuamente o conhecimento dos cientistas e dos tomadores de decisões.
Sendo um país semi-árido, a África do Sul está diante de um futuro no qual a governança, gestão e uso de seus escassos recursos hídricos estão se tornando críticos para o crescimento econômico do país e o bem-estar de seus cidadãos.
O gerenciamento dos recursos hídricos num país em desenvolvimento requer todos os ingredientes positivos da liderança e da gestão. Conhecimento e entendimento são a base para boas decisões políticas referentes ao planejamento das ações e à apropriação controlada dos recursos hídricos.
Embora o país tenha um bom conhecimento dos seus recursos hídricos, disseminar esses conhecimentos e formar recursos humanos para utilizá-lo é essencial para o desenvolvimento sustentável. “A qualificação de pessoal e a institucionalização da ciência e tecnologia ainda são grandes desafios para a África do Sul e esta dificuldade está afetando tanto o nível da governança das águas quanto o da gestão”, afirmou Lipdhazi.
A construção e o fortalecimento da capacidade de investigação é um ponto chave para garantir que a pesquisa realizada no país seja capaz futuramente de prover o país dos conhecimentos necessários para enfrentar as novas questões colocadas então. Lipdhazi referiu-se então à Comissão de Pesquisa em Águas da África do Sul (WRC, na sigla em inglês). “O papel da WRC é promover esse conhecimento, desenvolver as ferramentas e as tecnologias necessárias. E esses conhecimentos devem servir de base para as decisões e práticas políticas, o que terá impacto positivo sobre o bem estar de todos os sul-africanos, já que tornará sustentável o ambiente aquático da região”, destacou o pesquisador.
Para Lipdhazi, o planejamento de crescimento nacional e o desenvolvimento sustentável do país têm que levar em conta a escassez de água e as mudanças climáticas, precisando para tal de uma compreensão mais aprofundada e uma investigação estratégica. “A WRC, sob a liderança de seu Conselho, compromete-se com um processo estratégico, envolvendo amplamente seus investidores e com o objetivo de compreender claramente de que forma pode beneficiar conjuntamente os seus acionistas.”
A WRC pretende se comprometer e apoiar não só a dinâmica do setor de água, mas também as iniciativas de outros setores, diretamente e indiretamente vinculados a suas atividades. Lipdhazi considera importante também ter em conta os resultados de muitas interações com a comunidade científica e a de consumidores finais, assim como os beneficiários e as tendências mundiais em investigação sobre água e em outras ciências. “Deve-se inclusive acompanhar a evolução tecnológica aplicável a esse tipo de investigação.”
A dinâmica atual do setor de água apela para a WRC com o fim de continuar a melhorar sua capacidade de difusão e transferência de conhecimento. “A WRC vem melhorando continuamente tal capacidade, mas abordagens inovadoras são necessárias. Isso permanece um desafio chave para a organização nos próximos anos, o que coincide com sua necessidade de qualificar o setor de água e apoiar a criação de novos métodos de investigação”, conclui o especialista.