O físico e Acadêmico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), e o geofísico Meinrat O. Andreae, diretor do Instituto Max Planck de Química, da Alemanha, receberam o prêmio Fissan-Pui-TSI Award 2010 pelo exemplo de cooperação internacional bem-sucedida em pesquisa de aerossóis.A cerimônia ocorreu no dia 3 de setembro, em Helsinki, durante a Conferência Internacional de Aerossóis
O Fissan-Pui-TSI Award é outorgado a cada quatro anos pela International Aerosol Research Assembly (IARA), um conglomerado de 11 instituições internacionais de pesquisa em aerossóis. A finalidade é premiar cientistas que lideram cooperações internacionais bem sucedidas em pesquisas sobre aerossóis atmosféricos (partículas que estão presentes naturalmente na atmosfera e fazem parte da ciclagem de nutrientes, formação de nuvens e outros processos).
Artaxo e Andreae atuam em parceria científica desde 1980 e realizaram mais de dez grandes experimentos na Amazônia, entre eles o AMazonian Aerosol characteriZation Experiment (Amaze) e o Cooperative LBA AIrborne Regional Experiment (Claire). Processos importantes que regulam o funcionamento do ecossistema Amazônico foram revelados nestes experimentos.
A parceria também resultou em cerca de 80 artigos científicos conjuntos, sendo quatro publicados nas revistas Science e Nature, além de outros 200 trabalhos apresentados em conferências científicas internacionais.
“O mais difícil é conciliar a informalidade brasileira e o rigor alemão, e nós conseguimos superar esse desafio. Temos uma excelente parceria científica que já dura 30 anos, e o prêmio é um reconhecimento a esse trabalho conjunto”, disse Artaxo, durante a premiação.
De acordo com o pesquisador, dois grandes projetos na Amazônia vão dar continuidade à cooperação bilaterial entre Brasil e Alemanha: o Claire-2012 e o ATTO-Amazon Tall Tower Observatory (Observatório Amazônico de Torre Alta). O ATTO será o primeiro observatório ambiental de grande porte na América do Sul, com uma torre de 320 metros, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, em São Sebastião do Uatumã, Amazonas. Dessa torre, serão coletados dados relativos à troca de gases de efeito estufa entre a floresta e a atmosfera, evapotranspiração, fluxos de energias e estudado os processos de formação das nuvens na região, entre outros.
Nesse acordo bilateral, o Brasil está representado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), ambos em Manaus. Pela Alemanha, está o Instituto Max Planck de Química, com sede na cidade de Mainz.
Complementar ao ATTO, o projeto Claire vai gerar informações sobre o processo de oxidação de radicais atmosféricos. Serão quatro torres, com alturas de 60 a 80 metros, na mesma área do ATTO. Ambos os projetos serão desenvolvidos no âmbito do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), administrado pelo Inpa.