O filólogo Odenildo Teixeira Sena, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM) desde 2005, fez a primeira apresentação no evento “Ciência, Tecnologia e Inovação na Amazônia”, da Academia Brasileira de Ciências, realizado no dia 15 de julho de 2010, em Porto Velho. “O grande desafio da gestão é lutar pela descentralização dos investimentos federais em ciência e tecnologia (C&T), reduzindo as desigualdades regionais”, afirmou Sena, que foi nomeado para o cargo de Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT-AM) no dia 6 de julho último. Mesmo tendo assumido a SECT, Sena continuará respondendo como diretor-presidente da FAPEAM.
O linguista mostrou os resultados da FAPEAM desde a sua criação em 2003. “Temos muito para mostrar e partilhar com vocês. Precisamos sensibilizar as autoridades mostrando a importância de um estado ter a sua Fundação”. Embora a região Norte esteja sendo bastante contemplada com recursos federais desde 2003, os expressivos resultados do Amazonas na área de C&T certamente se devem à existência da FAPEAM. “O crescimento tem sido grande, mas ainda insuficiente, muito longe do ideal para chegarmos ao desenvolvimento sustentável que almejamos”, argumentou Sena.
Ele dá muita importância à divulgação e à difusão científica. A Fundação conta com a rádio e a TV FAPEAM, oferece o Prêmio FAPEAM de Jornalismo Científico e trouxe para o Amazonas o primeiro curso de pós-graduação em jornalismo científico, em parceria com o Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e com o Museu da Vida (casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Este mês foi lançada a 17ª edição da revista Amazônia Faz Ciência. “Não basta apenas criar a FAP, é preciso colocá-la na boca do povo para que a sociedade tome conhecimento da importância do seu trabalho. A conscientização do impacto da C&T no cotidiano do cidadão é o que pode tornar a sociedade a maior parceira de uma FAP.”
Por enquanto, o maior parceiro das FAPEAM ainda é o CNPq, junto com a Finep e a Capes. As instituições amazônidas mais favorecidas por contribuições da FAPEAM são o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), seguidas pelo Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e a Fiocruz. “Os números mostram que quando um estado tem a sua Fundação de Amparo à Pesquisa e tem recursos, ela consegue captar mais recursos através do estabelecimento de contrapartidas”, reforçou Sena.
Desde o início de suas atividades, em 2003, a FAPEAM ofereceu 1.251 bolsas de mestrado, 500 de doutorado, 6.859 de iniciação científica em nível de graduação e pouco mais de três mil para alunos de ensino médio. “Esses números ainda são pequenos, mas representam um crescimento exponencial”, aponta Sena.
As ações da FAPEAM são voltadas para o apoio à pesquisa e inovação, às redes de fomento à pesquisa e à saúde e infra-estrutura. O incentivo à inclusão social também é alvo de projetos, focados principalmente na temática indígena. A formação de capital humano começa cedo: o Programa Ciência na Escola fomenta a pesquisa no ensino básico, envolvendo professores e alunos.
Encerrando, Odenildo Sena considerou que “uma iniciativa como essa da ABC é estimulante para a nossa luta”. Na região Norte, apenas dois estados ainda não tem uma Fundação de Apoio à Pesquisa. “O projeto para a criação da FAP do Tocantins está na Assembléia Legislativa e essa reunião visa o apoio à criação da FAP de Rondônia. O quadro na região vai melhorar muito quando tivermos FAPs em todos os estados”.