Com o Golden Room do Copacabana Palace lotado na noite de 4 de maio, a Sessão Solene da Reunião Magna da ABC foi iniciada com a composição da mesa, que contou com o presidente da ABC Jacob Palis, o ministro de Ciência e Tecnologia e Acadêmico Sergio Rezende, o Comandante da Marinha Almirante Julio Soares de Moura Neto, o presidente da CAPES e Acadêmico Jorge Guimarães, o presidente do CNPq e Acadêmico Carlos Alberto Aragão de Carvalho, o presidente da FINEP Luis Fernandes, o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro Luiz Edmundo da Costa Leite, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Marco Antonio Raupp e o presidente da Fundação Conrado Wessel, Américo Fialdini Jr.


Américo Fialdini Jr., Luiz Edmundo da Costa Leite, Jorge Guimarães, Carlos Alberto Aragão de Carvalho,
Sergio Rezende, Jacob Palis, Almte. Julio Soares de Moura Neto, Luis Fernandes, Marco Antonio Raupp

Entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto

A outorga do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia 2009, sob o patrocínio do CNPq e da Fundação Conrado Wessel (FCW), foi a primeira atividade da Sessão. Foram entregues ao físico e diretor da ABC Luiz Davidovich um diploma, um troféu e um cheque da FCW.


Américo Fialdini, Luiz Davidovich, Carlos Alberto Aragão,
Sérgio Rezende e Almte. Julio Soares de Moura Neto

Aragão saudou o premiado e esclareceu que o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia é a mais alta distinção concedida a um pesquisador pelo CNPq e que leva o nome do primeiro presidente da instituição, personagem histórico da Marinha do Brasil. Destacou o generoso patrocínio da Fundação Conrado Wessel desde 2006, “entidade apoiadora da ciência, da cultura e das artes brasileiras.”

O presidente do CNPq declarou que a escolha do físico Luiz Davidovich – Professor Titular do Instituto de Física da UFRJ, Membro da ABC, da National Academy of Sciences dos EUA e da TWAS – como agraciado na grande área de Ciências Exatas e da Terra em 2009 foi unanimidade na comunidade científica, “por sua competência, pela profundidade de seus trabalhos e por suas contribuições à discussão de políticas científicas em nosso país.”

Convidou então outro homenageado com o Prêmio Almirante Álvaro Alberto – de Física, em 1995 -, o orientador de doutorado e mentor de Davidovich, o Professor Emérito do Instituto de Física da UFRJ e Acadêmico Moysés Nussenzveig, para apresentar sua biografia científica. Este destacou de início o papel pioneiro de Davidovich na ótica quântica latino-americana e os resultados que obteve em eletrodinâmica quântica de cavidades, redução de ruído em lasers, emaranhamento, descoerência e limite clássico da física quântica.

“Ao longo de sua carreira, uma preocupação constante dos trabalhos de Luiz tem sido a possibilidade de verificação experimental dos resultados obtidos. Testes experimentais dos princípios da Física Quântica e do que se denomina hoje em dia informação quântica requerem instrumentação extremamente elaborada, disponível muitas vezes apenas num punhado de laboratórios no mundo todo”. Nussenzveig esclareceu que a forte interação do Prof. Davidovich com o Laboratório Kastler-Brossel da École Normale Supérieure foi fundamental para o avanço da área no Brasil. Destacou que essa interação foi possibilitada pelo Convênio de Cooperação CNPq/CNRS em Física Atômica, Lasers e Ótica Quântica, firmado graças à efetiva atuação de Davidovich e que foi uma das iniciativas de cooperação internacional que mais benefícios trouxe até hoje à Física brasileira.

Um dos objetivos perseguidos por Davidovich, segundo seu mestre, foi montar um laboratório associado a seu grupo na UFRJ. “Esse objetivo foi atingido graças ao apoio do Pronex e de seus sucessores, Institutos do Milênio e Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. Luiz e seus colaboradores conseguiram criar um ambiente de trabalho extremamente produtivo, onde vêm formando inúmeros doutores e recebem visitantes de renomados laboratórios do exterior.”

O orador fez questão também de ressaltar outro aspecto da carreira de Davidovich: a notável contribuição que vem dando na área de política científica e educacional. “Ao atuar no Conselho Deliberativo do CNPq e como membro da Diretoria da Academia Brasileira de Ciências, teve uma participação importante na preparação e difusão do documento da ABC sobre a reforma universitária, bem como em muitos outros aspectos da educação nos demais níveis do ensino. “Atualmente, aceitou ir para Brasília para preparar a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, um grande desafio.”

O presidente da Fundação Conrado Wessel cumprimentou o homenageado e explicou que a FCW é uma instituição privada que promove parcerias com destacadas entidades da sociedade brasileira para valorizar talentos em diversas áreas. “A indicação do Prof. Luiz Davidovich agrega valor ao Prêmio, que hoje já tem o reconhecimento de caracterizar os ganhadores como a nata da Ciência brasileira.”

Brain in dos milhões de cérebros desperdiçados

O Acadêmico Luiz Davidovich agradeceu a honra de ser escolhido para receber o Prêmio Almirante Álvaro Alberto. “O nome dado ao Prêmio traduz sua importância, pois o conecta a um marco fundamental da história da ciência e da tecnologia no Brasil, a fundação do CNPq em 1951 pelo Almirante Álvaro Alberto, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências e defensor vigoroso dos interesses brasileiros em foros internacionais.”

Segundo Davidovich, a ciência brasileira é muito jovem e por isso mesmo o patamar que alcançamos nos dias de hoje é impressionante. “Esse progresso foi possível graças a ações de longo prazo, que levaram à formação de profissionais qualificados e de instituições empreendedoras”.

O físico não se poupou a evidenciar as dificuldades e os desafios ainda a enfrentar. Em sua visão, apesar do progresso representado pela expansão do sistema escolar a escola ainda não contribui, como ocorre em outros países, para compensar a desigualdade entre as famílias de origem dos alunos. “Precisamos promover o brain in dos milhões de cérebros desperdiçados que estão nas comunidades dos morros, dos mangues e da periferia das grandes cidades, espalhados por esse imenso país”. Encerrou então citando o Almirante Álvaro Alberto: “Se apenas com idealismo nada se consegue de prático, sem essa força propulsora é impossível realizar algo grande”.