O Prêmio México de Ciência e Tecnología foi instituído pelo governo daquele país em 1991, visando reconhecer e valorizar as iniciativas científicas e tecnológicas realizadas por pesquisadores dos países ibero-americanos. Cientistas mexicanos não podem concorrer, já que a eles é destinado um prêmio exclusivo – o Prêmio Nacional de Ciências e Artes.O objetivo é estreitar relações entre as comunidades desses países com o México.
Apenas duas vezes o premio foi outorgado a mulheres: a primeira a recebê-lo, em 1992, foi a falecida Acadêmica Johanna Döbereiner, e em 1998 foi a vez da bioquímica espanhola Margarita Figueras. Em 2008, foi escolhida a Acadêmica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Professora Titular de Genética Médica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Ela recebeu o prêmio em cerimônia no dia 14 de dezembro de 2009 das mãos do presidente do México, numa tradição de colaboração internacional daquele país com nações irmãs.
Mayana Zatz, especialista em genética das doenças neuromusculares hereditárias, foi selecionada por seu pioneirismo na utilização de técnicas de genética molecular que geraram um conhecimento relevante sobre a distrofia muscular e outras enfermidades neurodegenerativas incapacitantes e incuráveis, como a esclerose lateral amiotrófica e o Mal de Alzheimer. Sua busca por possíveis tratamentos dessas doenças a fizeram mergulhar no estudo das células-tronco e suas possíveis aplicações terapêuticas. Seu prestígio contribuiu para que sua liderança à frente de um movimento da sociedade brasileira levasse à aprovação definitiva das pesquisas com células-tronco no Brasil, em 2008.
Em seu discurso de agradecimento, Mayana contou que sempre quis ser cientista e se apaixonou pela Genética. Explicou que as doenças que resolveu estudar muitas vezes levam pessoas a cadeiras de rodas ainda na infância. “Os que não tem condições de obter uma cadeira ficam excluídos da sociedade. Prevenir o nascimento de crianças com transtornos neuromusculares e buscar uma cura tornou-se meu projeto de vida como cientista”, declarou a Acadêmica.
Hoje ela atua com uma equipe multidisciplinar na Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM) que apóia os pacientes e suas famílias, procurando melhorar sua qualidade de vida. Finalmente, Mayana agradeceu à Academia Brasileira de Ciências por indicá-la ao prêmio, à USP, às agências de fomento Faperj, Finep e CNPq, à ABDIM, aos amigos, colegas, alunos, familiares e ao governo do México.