No período de 20 a 23 de outubro, o Programa de Águas do InterAcademy Panel (IAP), coordenado pelo Acadêmico José Galizia Tundisi, realizou em Barnaul, Sibéria, o workshop Strengthening the Collaboration Between the AASA Clean Water Programme and the IAP Water Programme.

Patrocinado pelo braço siberiano da Academia Russa de Ciências, este evento teve por objetivo reunir especialistas das Academias de Ciências asiáticas para debater o estado da arte da gestão e da pesquisa na área de recursos hídricos na região, bem como o fortalecimento da colaboração entre o programa de águas da rede asiática de Academias de Ciências (AASA) e o programa do IAP.

Tendo como objetivo fundamental a mobilização de pesquisadores e gerentes de recursos hídricos, visando a melhoria do acesso à água aos milhões de pessoas que sofrem com a escassez deste recurso, o Programa de Águas do IAP tem tido sucesso ao induzir as Academias de Ciências do mundo a se debruçarem sobre esse problema, motivando os especialistas a contribuir com os governos nacionais no enfrentamento deste grave desafio. No workshop em Barnaul, os representantes das diferentes Academias presentes identificaram desafios fundamentais que devem pautar a atuação dos governos e da comunidade científica, assim constituindo as bases de atuação do programa no continente.

De acordo com Tundisi, a reunião foi um completo sucesso. Como destacado por ele, as redes regionais de Academias das Américas e da África já vêm trabalhando articuladamente com o programa do IAP para desenvolver suas ações. Agora se espera que caminho semelhante seja adotado na Ásia. Tundisi destacou ainda seu entusiasmo com o nível da pesquisa que vem sendo desenvolvido pelo Institute for Water and Environmental Problems (IWEP), instituição que sediou a reunião, o que o levou a propor ao diretor do mesmo a abertura de um diálogo, visando o estabelecimento de futuros convênios e parcerias para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas.

Outro aspecto relevante foi destacado pelo assessor da ABC, Marcos Cortesão, que colabora com Tundisi na coordenação do programa. Segundo ele, várias Academias estão internalizando as ações do programa, estruturando grupos nacionais no interior das Academias para colaborar na formulação de políticas para o setor. No caso do Brasil o exemplo é o Grupo de Estudos sobre Recursos Hídricos da ABC, que recém realizou, na UFMG, o simpósio A Crise da Água e o Desenvolvimento Nacional: um Desafio Multidisciplinar. Estimuladas pelo programa, diversas Academias constituíram grupos semelhantes, que vêm instrumentalizando-as para se tornarem atores atuantes nos debates nacionais sobre políticas para o setor hídrico.