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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Vivaldo Moura Neto

(MOURA-NETO, V.)

28/12/1945
Brasileira
15/03/1993

Vivaldo Moura Neto, Membro Associado da Academia Brasileira de Ciências desde 1992, é Professor Titular do Departamento de Anatomia do ICB da UFRJ. Mestre pelo Depto. de Bioquímica do Inst. de Química da UFRJ defendeu tese sobre cinética da Na, K ATPase (1977) sob orientação do Prof. Castro Faria. Foi docente da UERJ até 1980 quando partiu para fazer doutorado no Collège de France, Paris, sob orientação do Prof. François Gros. Obteve o título de “Docteur dÉtat ès Sciences Naturelles” quatro anos depois, com um conjunto de 6 artigos. Seus trabalhos, através de culturas elegantes de neurônios e astrócitos, contribuiram sobremaneira para esclarecer o papel das proteínas do citoesqueleto na diferenciação celular. Foi dos primeiros a caracterizar a heterogeneidade das populações gliais e a especifidade da interação neurônio-glia durante o desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC). Em 1985 voltou ao Brasil e ingressou no Instituto de Biofísica da UFRJ para iniciar uma colaboração com o Prof. Carlos Chagas que durou doze anos e lhe foi formativamente frutífera e profissionalmente produtiva. Durante este período, dirigiu o laboratório de Farmacologia Molecular I e se dedicou ao estudo das funções das proteínas citoesqueletais, como a desmina e actina, na polaridade morfológica e funcional do órgão elétrico do Electrophorus electricus. Ainda nesta época (1990) retomou seu projeto sobre a interação neurônio-glia. Seus estudos tornaram evidente que astrócitos podem influenciar a diferenciação neuronal através das proteínas da matriz extracelular, ou da capacidade de secretar fatores de crescimento (GF). Em 1996/1997 foi para o Departamento de Anatomia (DA-UFRJ) como Professor Titular participando da transformação acadêmica daquele departamento. Seus estudos sobre a ação do hormônio da tireóide induzindo astrócitos à secreção de GF, demonstraram efeitos autócrino e parácrino dos fatores gliais na diferenciação astrocitária e neuronal. Com apoio do PRONEX tem aplicado estes conhecimentos ao estudo de gliomas humanos, num projeto colaborativo com os Serviços de Neurocirurgia e Patologia do Hospital da UFRJ, aproximando a investigação científica e a medicina. Neste contexto, a experiência em diferenciação neuronal tem-lhe permitido colaborar com outros grupos do país e do exterior para o entendimento de mecanismos envolvidos com as doenças degenerativas do SNC. Mais recentemente, utilizando animais transgênicos para proteínas do citoesqueleto astrocitário, sua equipe demonstrou elegantemente que neurônios são capazes de produzir GF indutores da diferenciação de astrócitos. A equipe descreveu ainda, pela primeira vez na literatura que neurônios estabelecem comunicação juncional com astrócitos, sugerindo assim, a possibilidade de interconexões metabólicas e elétricas entre estas células durante o desenvolvimento precoce do SNC. Ao longo destes anos, Moura Neto orientou 15 teses de mestrado e doutorado, formando docentes para a UFRJ (7), UFSC (1), UFES(1), UFF(1) e UERJ(1). Com ele já estudaram 15 estudantes de iniciação científica, muitos dos quais seguiram a carreira universitária. No momento coordena pelo segundo ano, a Cátedra UNESCO de Biologia do Desenvolvimento no Departamento de Anatomia, do qual é o atual chefe, com o objetivo de promover cursos internacionais anuais, dirigidos pela Prof. Nicole Le Douarin e também de estabelecer um laboratório internacional que possa desenvolver pesquisa integrada com laboratórios do exterior. Tem desenvolvido intensa colaboração com laboratórios franceses, ocupando por várias ocasiões o posto de Professeur de lUniversité Paris VII e agora em 1998 foi eleito Membre Correspondant da Société de Biologie que foi fundada por Claude Bernard, em Paris, há 150 anos.