ANTONIO RODRIGUES CORDEIRO. nascido em 1923 em Bagé (RS), Ingressou em 1945 no Curso de História Natural da Universidade de Porto Alegre, depois, UFRGS. Fez estudos práticos sobre taxonomia e citogenética de vegetais, e induziu poliploidia por colchicina em Linum usitatissimum. Tornou-se Auxiliar de Laboratório de Botânica, do conhecido Prof. Dr. Alarich R. Schultz. Recebeu também, forte influência do Dr. José Grossman, geneticista e melhorista vegetal russo/brasileiro e do Dr. Karl Hogetop, fisiologista vegetal, alemão/brasileiro. Passou depois à citogenética de orthopteros, estimulado pelo Dr. Francisco A. Saez, em visita de estudos a Argentina. Em suas excursões semanais coletava e classificava material para o herbário. A seguir desenvolveu interesse em vespas entomófagas de lagartas de Lepidoptera e de ootecas de Periplaneta americana, conseguindo que o Dr. Costa Lima determinasse várias espécies novas. Com a reabertura da UNE no pós guerra, o Presidente Getúlio Vargas propiciou viagem a centenas de estudantes ao Rio. Na parada do trem em São Paulo, ARC fez uma visita decisiva ao Departamento de Biologia da USP, colhendo literatura e instruções para coleta e identificação de espécies de Drosophilae; no Rio foi ao Instituto Oswaldo Cruz e à Biofísica. Recém-formado, Bacharel e licenciado em História Natural, 1947, foi nomeado Assistente da Cátedra de Biologia, dedicando-se ao ensino teórico e prático de Citologia, Histologia, Embriologia, Genética e Evolução. Como decorrência de sua visita à USP e sua correspondência com o Prof. Crodowaldo Pavan, iniciou coletas intensivas de Drosophila. Daí resultou o convite para o estágio de trabalhos, e estudos no curso sobre Genética e Evolução lecionado pelo Prof. Theodosius Dobzhansky na USP (1948-1949), com bolsa da Fundação Rockefeller. São frutos desse período, artigos científicos no Genetics e Evolution etc. mas, principalmente, a escolha do tema da tese de doutoramento. Na volta a Porto Alegre (1949), fundou o Laboratório de Genética da UFRGS com a colaboração de um estudante, agora o famoso Prof. Francisco Salzano e dois colegas de colégio, o químico Prof. Flavio Lewgoy e o biofísico Prof. Casemiro V. Tondo que possibilitaram a introdução pioneira no Brasil de metodologias moleculares na genética das populações. A tese de doutoramento, ARC a desenvolveu na Columbia University, N.Y.C. (1951-1952) como bolsista da Rockefeller Foundation: “Efeitos dos genes letais “recessivos” em estado heterozigoto em Drosophila willistoni de populações naturais”. Um problema básico da dinâmica quantitativa dos genes nas populações até então sem solução estatisticamente válida. Em fins de 1953 o pequeno Laboratório de Genética mudou-se dos porões da Faculdade de Direito para uma esplêndida sede recém construída. Dez anos depois ARC fez concurso de Livre-Docência com tese sobre “Raças e espécies do grupo Willistoni caracterizadas por cromatografia bidimensional de pteridinas” recebendo outro grau de doutor; só então foi promovido a Professor Adjunto. Convidado, participou do planejamento da Universidade de Brasília (1962). No período de 1963 a 1965, ARC foi Prof. Titular, por exame de Curriculum Vitae, Coordenador do Instituto Central de Biologia; substituto, temporário do Prof. Roberto Salmerón, como Coordenador Geral dos Institutos Centrais. Na UnB vários trabalhos foram feitos e publicados sobre populações naturais de Drosophila. Com a intervenção ditatorial de 1965 na UnB, voltaram os gaúchos para a UFRGS. A convite do Prof. Walter Plaut, ARC, H.Winge e Nena B. Morales fizeram pesquisas na Universidade de Wisconsin, Madison (1967-1969) sobre padrões de síntese de DNA e RNA em cromossomos politênicos de híbridos interespecíficos de Drosophila. Quatro anos depois, ARC foi aprovado com distinção em concurso para o cargo de Prof. Titular, defendendo tese sobre “Padrões de regulação da expressão gênica de enzimas em órgãos e tecidos de espécies do grupo Willistoni de Drosophila como evidência da maior importância evolutiva das mudanças da regulação gênica sobre as mutações em genes estruturais”. Em 1981 ARC aposentou-se e recebeu o título de Prof. Emérito e foi contratado como Prof. Visitante na UFRJ (1982). Voltando a seus primeiros interesses de pesquisa, organizou o Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais (1983) e o de Engenharia Genética Vegetal (1985). Foi chamado a cooperar na organização da UENF e em 1995 mudou-se para Campos, sendo atualmente Chefe do Laboratório de Biotecnologia. Trabalhando por 47 anos, sempre em tempo integral, dedicou-se sucessivamente a pesquisas de análise genética e citogenética de populações naturais de drosófilas; polimorfismos moleculares em plantas, drosofilas, Culex, e Cavia; efeitos das radiações, especiação natural e experimental, em drosófilas; cultura de tecidos e transformação genética de vegetais. Foi eleito Vice-Presidente do Congresso Internacional de Genética, em Moscou (1978). No período de 1969 a 1993 foi Bolsista 1A do CNPq, Presidente da SBG (1962-1963), recebeu a medalha dos 25 anos da SBPC e a medalha de ouro da FAPERGS por relevantes serviços à Ciência.
Região: Sul
Casemiro Victorio Tondo
Quando estudante do Curso de Ciências Biológicas (UFRGS) iniciou pesquisas sobre o efeito do estímulo elétrico em Protozoários. Em 1950 iniciou a montagem de um laboratório de Biofísica no Instituto de Pesquisas Veterinárias da Secretaria de Agricultura (RS) estudando os efeitos do ultravioleta sobre o vírus da febre aftosa. Como bolsista do governo francês (1951) no Serviço de Biofísica do Instituto Pasteur de Paris, França, iniciou pesquisas sobre a hemoglobina humana e, no Laboratório de Isótopos Radioativos do Hospital Necker de Paris, realizou pesquisas sobre a fixação do iodo radioativo no soro humano. Em 1953, como bolsista do CNPq, no Instituto de Grandes Polímeros de Brooklyn, New York, fez pesquisas sobre a caracterização físico-química de macromoléculas em solução. No Departamento de Química do Polytechnic Institute of Brooklyn, New York, USA, fez pesquisas sobre diversos métodos físicos para caracterizar proteínas. Em 1969, foi cientista visitante no Instituto de Biologia Físico-Química da Universidade de Paris (Fundação Edmond de Rothschild) onde realizou pesquisas sobre sobre a caracterização físico-química da hemoglobina Porto Alegre [BETA9(A6)Ser SETA Cis]. Em 1955 fundou o Instituto de Pesquisas Biofísicas da Faculdade de Farmácia da UFRGS iniciando o Laboratório de Pesquisa em Físico-Química de proteínas. Em 1957 iniciou o Laboratório de Genética-Biofísica no Departamento de Genética do Instituto de Ciências Naturais trabalhando com Hemoglobinas humanas anormais. Descobriu, em 1962, a hemoglobina Porto Alegre [BETA9(A6)Ser SETA Cis], primeira variante genética da hemoglobina humana onde um aminoácido da estrutura primária foi substituído por uma cisteína levando à formação de polímeros intertetraméricos por ponte S-S. Em 1972, no Instituto de Química da Universidade de Roma, fez estudos experimentais dos polímeros da hemoglobina Porto Alegre por “stopped-flow” e flash fotólise.
Tem 58 trabalhos de pesquisa científica experimental publicados em periódicos internacionais com um pouco mais de 20 citações em Revistas Científicas.
Clovis Caesar Gonzaga
Clovis Gonzaga nasceu em Santa Catarina em 1944, filho de Adhemar e Carmen Gonzaga, advogado e professora secundarista. Viveu em Joinville até 1963, de onde partiu para cursar Engenharia Eletrônica no ITA, em São José dos Campos, onde presenciou o assalto da ditadura militar à liberdade de pensamento e de expressão.
Em 1968 ingressou na COPPE-UFRJ como estudante e posteriormente como professor. Fez o mestrado orientado por Jean-Paul Jacob e o doutorado com Nelson Ortegosa da Cunha em 1973, estudando otimização contínua e discreta. Participou nesse tempo do processo de formação da COPPE, onde um grupo de jovens entusiastas trabalhava sob a influência do vibrante pioneirismo de Alberto L. Coimbra, posteriormente perseguido e demitido pela ditadura. Fez um pós-doutorado com E. Polak na Universidade da Califórnia em Berkeley em 1976, trabalhando em otimização semi-infinita, retornando à COPPE para dedicar-se durante vários anos a algoritmos de busca em grafos e sua aplicação a problemas de planejamento de sistemas de energia elétrica, em colaboração com pesquisadores da Eletrobrás e suas concessionárias.
Retornou a Berkeley como Professor Visitante do departamento de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação por dois anos a partir de 1985, no momento em que Karmarkar havia publicado um resultado revolucionário em otimização: um algoritmo de baixa complexidade para Programação Linear. Gonzaga desenvolveu então, em 1987, um novo algoritmo com complexidade inferior à de Karmarkar, resultado que até hoje não foi superado. Desde então trabalha em métodos de pontos interiores para Programação Matemática, disciplina que teve um crescimento explosivo após o resultado de Karmarkar. Atuou como Professor Visitante em várias instituições, incluindo a Universidade Técnica de Delft na Holanda, a Universidade Paris I – Sorbonne e o INRIA em Paris.
Foi membro da diretoria da Mathematical Programming Society, do Comitê Assessor de Matemática do CNPq, e foi eleito em 1995 para a Vice-Presidência da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional. É editor do SIAM Journal on Optimization e do Journal of Computational and Applied Mathematics. Em 1995 deixou o Rio de Janeiro e retornou a Santa Catarina. Trabalha atualmente no Departamento de Matemática da Universidade Federal de Santa Catarina, orientando alunos dessa Universidade e da COPPE.
Helga Winge
Helga Winge é bióloga, formada em História Natural (Bacharelado: 1956; Licenciatura: 1957), e Especialista em Biologia (1962) pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É Doutora em Ciências (Genética) pelo Curso de Pós-graduação em Genética-UFRGS (1971). Ingressou na UFRGS como Auxiliar de Pesquisas, no Departamento de Genética, em 1958 e desde 1984 é Professora Titular, em regime de dedicação exclusiva. Foi Professora Assistente na Universidade de Brasília (1964-65). No período de 1967-69 foi bolsista (Research Assistant) no Zoology Department,University of Wisconsin, EUA. Desde 1976 é Pesquisador I-A do CNPq. É docente e orientadora de teses de Mestrado e de Doutorado no Curso de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular-UFRGS, desde 1971. Tem trabalhos publicados em revistas especializadas do País e do exterior, além de dois capítulos de livros e um livro publicados. De 1978 a 1980 foi Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular-UFRGS; membro (1974-78) e Vice-Coordenadora da Comissão de Carreira de Biologia-UFRGS (1977-78); foi membro de diversos colegiados e comissões na UFRGS, e, no período de 1964-65, na Universidade de Brasília-DF. Foi Vice-Coordenadora de um Comitê Assessor de Genética do CNPq (1975-77), Coordenadora do Comitê Assessor da área de Ciências Biológicas da FAPERGS (1990-92) e atua como assessora ad hoc do CNPq, FAPERGS, FACEPE e, eventualmente, de instituições da Argentina e Uruguai. Vem atuando como consultora ad hoc da Revista Brasileira de Genética, Ciência e Cultura, Ciência Hoje e outras, sendo membro do Corpo de Consultores da Revista Iheringia, Série Botânica, desde 1984; foi membro da Comissão Editorial da Editora da Universidade/UFRGS (1981-83,1983-85) e membro (1985-88) e Presidente (1976-85) da Comissão Editorial do Boletim do Instituto de Biociências-UFGRS. Foi Presidente do Conselho Regional de Biologia-3ª Região (1987-91), Vice-Presidente (1988-90) e 2ª Secretária (1982-84; 1994-96) da Sociedade Brasileira de Genética, Conselheira da SBPC (1983-87; 1993-97), Presidente e diversos cargos de Diretoria na Sociedade de Biologia do RS. É membro da Academia de Ciências de New York, desde 1995. Em 1981 recebeu a Ordem do Mérito Republicano, no grau de Dama Comendadora (“por mérito profissional, honra e dedicação à Ciência”) da Academia Brasileira de História e Legião do Mérito Histórico. Recebeu placas de prata da Sociedade de Biologia do RS (1983) e dos Sindicatos da Indústria do Mate dos Estados do RS, SC e PR (1995). Atualmente desenvolve pesquisas em duas linhas: 1. Genética e evolução de plantas neotropicais, com ênfase nos gêneros Ilex (família Aquifoliaceae): erva-mate e outras espécies, e Hordeum (Poaceae): cevadas nativas; 2. Genética, cultura de tecidos e transferência de DNA em plantas: cevada (cultivada), com ênfase em cultura de anteras e estudos sobre o processo androgenético e em embriogênese somática, com vistas à transferência de genes.
Fernando Cláudio Zawislak
Nasceu em 1935 no município de Santa Rosa, RS, região das missões; fez seus estudos secundários em Porto Alegre e ingressou no Curso de Física da então Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Concluiu o curso em 1958 (Bacharel e Licenciado em Física). Em 1960/1961 fez um estágio no antigo Laboratório Van de Graff da USP (com os Professores Oscar Sala e Ernst Hamburger), onde teve os primeiros contatos com a pesquisa. Retornou ao Instituto de Física da UFRGS em 1961 quando iniciou, com outros colegas, e coordenou o primeiro grupo de pesquisa experimental no Instituto de Física, na área de Física Nuclear usando a técnica de Correlação Angular g–g. Neste campo orientado pelo Prof. John D. Rogers obteve o título de doutor aprovado “com louvor” (1964/1967). Foi o primeiro doutor em física formado no RGS no curso de Pós-graduação em Física da UFRGS. Fez um estágio em nível de pós-doutorado de dois anos (1968/1969) na California Institute of Technology, Pasadena, USA, quando passou a trabalhar em física do estado sólido usando interações hiperfinas eletromagnéticas. Durante a década de 1970 foi coordenador do grupo de pesquisa nesta área em Porto Alegre, que alcançou proeminência internacional, tendo orientado e doutorado de vários estudantes. Em 1979/1980 mudou de área de pesquisa pela 3ª vez, passando a trabalhar no campo da implantação iônica e uso de técnicas de feixes de íons para análise de materiais implantados. Com este objetivo adquiriu um acelerador de 400 kV em 1980, e realizou um estágio de um ano no Laboratório de Implantação Iônica de Orsay, Universidade de Paris, França. Em 1982 iniciou os trabalhos com a nova máquina em Porto Alegre. O grupo cresceu rapidamente, é constituído hoje mais de quarenta pessoas entre pesquisadores, alunos e técnicos, cobrindo várias linhas de pesquisa do campo de “modificação e análise de materiais por feixes de íons”. Em 1996, adquiriu um novo acelerador de 3 MV de energia que está possibilitando a ampliação de atividades agora centradas em tópicos de fronteira de Física e de Ciência dos Materiais, como semicondutores, polímeros, metais, ligas metálicas, etc. Estes aceleradores constituem o Laboratório de Implantação Iônica do qual é coordenador desde a sua fundação em 1981, e que teve um investimento de mais de cinco milhões de dólares obtidos durante os últimos 20 anos. Também participou ativamente, durante a década de 1990, no planejamento e na obtenção de recursos (aproximadamente 2 milhões de dólares) para a implementação do Centro de Microscopia Eletrônica da UFRGS, e na criação do Curso de Pós-graduação em Ciência dos Materiais da UFRGS (1992).
Suas atividades científicas podem ser resumidas na participação em mais de cinqüenta Conferências Internacionais (algumas como palestrante convidado ou Membro do Comitê Internacional); organizou (como chairman) quatro conferências internacionais; publicou 140 artigos em revistas com árbitro e formou nove doutores e dezesseis mestres.
Fernando Dias de Avila Pires
Em 1954 iniciou sua carreira como estagiário do Museu Nacional, Rio de Janeiro, quando ainda estudante do Curso de História Natural da Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras, trabalhando com João Moojen, que exerceu uma profunda influência na sua formação. No ano seguinte, transferiu-se para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da então Universidade do Distrito Federal (hoje UERJ), cujo curso noturno permitia que continuasse a trabalhar no Museu. Em 1955 recebeu bolsa de iniciação científica da recém criada CAPES e do Conselho Nacional de Pesquisas, optando por esta última.
Em 1957 publicou, no Boletim do Museu Nacional, um trabalho sobre taxonomia e nomenclatura de cervídeos neotropicais, o primeiro de uma série sobre este grupo zoológico. No mesmo ano foi contratado como pesquisador da Universidade do Brasil.
No ano seguinte realizou a primeira excursão científica, acompanhando Lauro Travassos, do Instituto Oswaldo Cruz, a Belém.
A John Simon Guggenheim Memorial Foundation proporcionou-lhe os recursos para trabalhar durante dois anos, no American Museum of Natural History , do qual tornou-se Research Associate , para estudar coleções de mamíferos em museus e universidades norteamericanas.
Após o regresso ao Brasil, passou dois anos em Viçosa, como professor da recém criada Escola Nacional de Florestas, dois anos em Belo Horizonte, estabelecendo e dirigindo o Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse período, presidiu a comissão de reforma do curso de História Natural. Também nessa época obteve seu doutorado na UNESP, incentivado por Paulo Sawaya e com o indispensável apoio logístico de Maria Aparecida Vulcano. Por quatro anos foi professor na UNICAMP e, durante seis, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1986 tornou-se Professor Titular da Escola Nacional de Saúde Pública, da FIOCRUZ, exercendo a Vice-Presidência da Fundação de 1991 a 1993. Neste mesmo ano passou a integrar o Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz.
Como mastozoólogo, publicou sobre taxonomia, zoogeografia e ecologia dos roedores e primatas. Por indicação de Moojen, trabalhou como consultor da organização Panamericana da Saúde para peste bubônica, no Peru. Com Mario Beaurepaire Aragão visitou focos de peste no Brasil. Esta atividade despertou seu interesse por outras zoonoses que têm mamíferos como reservatórios ou vetores, como a doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose, raiva e certas arboviroses amazônicas. Desde 1968 esteve envolvido em programas de pós-graduação, coordenando vários, orientando teses de mestrado e doutorado, participando de bancas e ministrando cursos em diversas universidades no Brasil, Peru, Chile, França, Bélgica e Suécia.
Também a partir de 1968 participou de congressos no Brasil e exterior, na qualidade de membro de diversas associações e comissões profissionais, sendo sócio fundador das Sociedades de Mastozoologia da Argentina e da Venezuela.
Além de ter editado o Boletim do Museu de História Natural da UFMG e os Cadernos de Saúde Pública da FIOCRUZ, publicou cerca de 100 artigos em periódicos, traduções e revisões, dois livros sobre ecologia médica (um no México) e um relato de experiências e reflexões sobre o ensino de pós-graduação.
Talvez o melhor sumário de sua biografia seja a frase de S. Peller, epidemiólogo austríaco: “I never remained in one place long enough to become a slave of routine, and I have not moved from one point to another as a climber. […] I have been a free-lance scientist at all times”.
Francisco Mauro Salzano
Suas investigações científicas se iniciaram com pesquisas em Drosophila, mas após um estágio de pós-doutorado, por um ano, no Departamento de Genética Humana da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, Estados Unidos (1956-1957) dedicou-se ao estudo da Genética Humana, que desenvolve até hoje. Além disso, colaborou em investigações envolvendo pastagens nativas do Rio Grande do Sul, trigo, roedores, gado e primatas não-humanos. Atualmente (1997) orienta uma dissertação de Mestrado sobre felinos da América do Sul. Com relação ao Homo sapiens foram investigadas características normais e patológicas em um grande número de populações de todos os grupos étnicos, especialmente indígenas. Essas pesquisas envolveram diversos níveis, como o molecular (DNA e proteínas), citológico (variação normal e aberrações cromossômicas), fisiológico (anemias hereditárias e outros processos patológicos) e comportamental (variáveis da inteligência e da personalidade, distúrbios de linguagem, incesto). Preocupado com problemas da comunidade, por muitos anos manteve um Serviço de Aconselhamento Genético, inteiramente gratuito, e assessorou a justiça em casos de determinação de paternidade. No plano administrativo foi Chefe da Seção de Genética (1963-1968) e Diretor (1968-1971) do Instituto de Ciências Naturais, bem como Chefe do Departamento de Genética do Instituto de Biociências (1973-1975) da UFRGS. Foi também Presidente da Sociedade Brasileira de Genética (1966-1968), Secretário-Geral da “International Association of Human Biologists”(1974-1980), Vice-Presidente da “International Union of Anthropological and Ethnological Sciences” (1978-1983; 1983-1988), Vice-Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1977-1979; 1993-1995) e Presidente da “Asociación Latinoamericana de Antropologia Biológica” (1990-1992). Foi ou é membro do corpo editorial de 17 periódicos científicos; é atualmente Editor Internacional de Human Biology, publicada em Detroit, e é membro da Comissão Consultiva de Peritos em Genética Humana da Organização Mundial de Saúde (1964-até a presente data).
Gerhard Jacob
Gerhard Jacob nasceu em Hannover, Alemanha,é radicado no Brasil desde os cinco anos de idade, e é brasileiro naturalizado. Após sua formação acadêmica básica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Universidade de São Paulo, iniciou pesquisa em física nuclear teórica, com estágios na Universidade de Heidelberg, trabalhando sob a orientação de J.H.D. Jensen e B. Stech (dupla transição gama em núcleos) e na Universidade do México sob a orientação de M. Moshinsky (métodos matemáticos em física nuclear). De retorno ao Brasil, sob a orientação de Th.A.J. Maris, iniciou pesquisa em espalhamento quase-livre de prótons e elétrons em núcleos leves, área em que sua contribuição científica teve maior reconhecimento internacional. Esse trabalho continuou no Instituto Niels Bohr, em Copenhague, na Universidade de Heidelberg e no Centro Internacional de Física Teórica em Trieste. Trata-se da investigação da estrutura do núcleo atômico, especificamente do modelo de camadas, através do espalhamento de prótons [reações (p,2p), propostas por Maris, Hillman e Tyrén] e de elétrons [reações (e, e’p), propostas por Jacob e Maris]; um grande número de trabalhos teóricos e experimentais continua sendo realizado até hoje nessa área por vários grupos, no País e no exterior. Ainda com a liderança de Th.A.J. Maris, foi iniciada nova linha na investigação da eletrodinâmica quântica, considerando as massas do elétron e do múon de origem puramente eletromagnética; a obtenção da razão de massas entre essas duas partículas (única grandeza que tem sentido) ainda é problema aberto. Interrompeu sua atividade de pesquisa para se dedicar à administração acadêmico-científica, tendo ocupado sucessivamente os cargos de Pró-Reitor de Pesquisa, de Planejamento, Vice-Reitor e Reitor, todos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e de Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Nos últimos anos tem se dedicado à política científica, especialmente à área de cooperação internacional, atividade iniciada na Universidade de Münster e da qual resultaram várias publicações na literatura internacional especializada.