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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Rafael Linden

(LINDEN, R.)

06/08/1951
Brasileira
28/04/1999

Nascido no Rio de Janeiro em 1951, filho de imigrantes poloneses, Rafael Linden dividiu sua adolescência entre o Colégio Pedro II e um conjunto medíocre de rock. Planejou com grande antecedência uma carreira, jamais realizada, em Cardiologia. Iniciou sua trajetória acadêmica como monitor de Biofísica e Fisiologia e estagiário de iniciação científica no Instituto de Biofísica da UFRJ. Deve sua carreira científica à influência de Carlos Eduardo Rocha Miranda, em cujo laboratório colaborou inicialmente nos estudos sobre a organização morfofuncional do sistema visual do gambá. Ali adquiriu formação em Neurofisiologia e particularmente na área de Eletrofisiologia, na qual contribuiu para os estudos de campos receptores visuais no córtex cerebral e estruturas subcorticais daquele marsupial. Graduado pela tradicional Faculdade Nacional de Medicina em 1975, nunca exerceu a profissão, optando pelas ciências básicas ainda durante o curso de graduação. Obteve o doutorado pelo Instituto de Biofísica em 1979, defendendo tese sobre a organização das projeções subcorticais do córtex visual, com a qual consolidou sua formação em Neuroanatomia.
Durante estágio de pós-doutoramento sob a supervisão de Alan Cowley, na Universidade de Oxford, Inglaterra, Linden adquiriu formação básica em Psicologia Experimental, estudando acuidade visual após lesões cerebrais neonatais em ratos. Tornou-se, no entanto, conhecido internacionalmente por seu trabalho na área de desenvolvimento do sistema visual, que atraiu sua atenção a partir do início da década de 80. Destacam-se a formulação original do conceito de competição dendrítica e as evidências para controle aferente da degeneração neuronal programada durante a embriogênese do sistema nervoso, contidos numa série de trabalhos realizados em Oxford entre 1980 e 1982 e no Rio de Janeiro a partir de 1983. O Science Citation Index indica que seus principais artigos receberam até 2009 mais de três mil citações em publicações especializadas e fazem parte da bibliografia de revisões e livros-texto editados pelos principais autores da área de desenvolvimento do sistema nervoso.
Nos últimos anos, Linden vem re-orientando seu trabalho de pesquisa, antes voltado para estudos anatômicos e fisiológicos, para uma abordagem celular e molecular dos mecanismos de morte celular programada no sistema nervoso embrionário. O Laboratório de Neurogênese, que chefia no Instituto de Biofísica da UFRJ, vem contribuindo para a formação de jovens cientistas, vários dos quais já estabelecidos em departamentos dentro e fora da UFRJ e formando seus próprios estudantes de pós-graduação.
Contratado em 1977 como Auxiliar de Ensino, foi promovido a professor adjunto em 1981 e a professor titular da UFRJ por concurso realizado em novembro de 1994. Desde seu retorno ao Brasil, em 1982, procurou encaminhar sua pesquisa de forma autóctone, favorecendo a interação com colegas da própria instituição. No entanto, sua colaboração eventual com pesquisadores estrangeiros resultou na execução produtiva de convênios de cooperação internacional com a Inglaterra e os EUA. Nos últimos anos vem desenvolvendo projetos de intercâmbio com pesquisadores argentinos contribuindo para as ações da SABRO de fortalecimento das Neurociências na América do Sul.
Conhecido por combinar moderação e equilíbrio na atividade acadêmica e política com rigor no julgamento e avaliação profissional, foi diretor adjunto de Programas e Projetos e vice-diretor do Instituto de Biofísica da UFRJ, exercendo atualmente as funções de coordenador do Programa de Neurobiologia desse Instituto. A bem da verdade, no entanto, vem resistindo bravamente a sucessivas insinuações, convites e intimações para multiplicar suas funções administrativas. Prefere a companhia permanente de seus estudantes no laboratório, que além de mantê-lo atualizado na pesquisa, permite que tolere e, por vezes, ainda aprecie rockn roll. E acha muito estranho descrever-se na terceira pessoa.