O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, propôs a criação de uma Comissão Mundial de Cientistas para o combate à pobreza, para ser apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU). “Esse grupo teria, dentre outros propósitos, o de estimular e coordenar a elaboração de projetos, globais ou regionais, além de subsidiar governos em projetos e iniciativas de combate à pobreza”, disse o ministro na abertura da VII Conferência e Assembleia Geral da Rede Global de Academias de Ciências (IAP), no Rio Othon Palace, em Copacabana, Rio de Janeiro.

Com o tema “Ciência para a Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável”, a cerimônia de abertura neste domingo, dia 24, contou com a presença de presidentes de Academias de Ciências de vários países, bem como de representantes do cenário científico nacional e internacional. Ao lado do presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis; Howard Alper, Co-chair da IAP do Canadá; Mohamed Hassad,Co-chair da IAP, do Sudão e de Marcos Cortesão, assessor técnico da ABC e membro do comitê organizador do evento.

A proposta de Raupp também inclui a organização de uma rede mundial de instituições científicas ou de cientistas para o combate a pobreza. “Essa rede teria como principais objetivos promover a cooperação entre seus participantes, o que inclui mobilidade de recursos humanos e uso compartilhado da infraestutura para pesquisa, como laboratórios e bibliotecas”, enfatizou.

O ministro sugeriu ainda que a rede fosse capaz de possibilitar a elaboração e execução de projetos colaborativos com amplo aproveitamento internacional do conhecimento científico, visando a erradicação da pobreza. “Peço que essas sugestões sejam debatidas por todos que vão participar deste evento para que amadureçam essa ideia durante as discussões”, disse.

O professor Jorge Huete-Pérez, presidente da Academia de Ciências da Nicarágua (ACN), aprovou a ideia. “Essa sugestão marca uma posição diferenciada do que geralmente acontece, mas não é tão fácil como parece. Acho que deveria ser um comitê pequeno, não muito grande e multidisciplinar, pois o problema da pobreza não pode ser resolvido com apenas uma disciplina, além de envolver uma responsabilidade política e ideológica também. E para começar, esse comitê poderia pegar todas as sugestões dessa reunião para ajudar a resolver os problemas da pobreza. Espero que as pessoas realmente se reúnam e discutam e que não fique apenas o pronunciamento”, opinou.

Para a representante do Egito, a professora Sherien Elagroudy, a proposta deve ser analisada de forma cautelosa. “É uma boa ideia, mas acho que já existem muitas organizações internacionais que mais ou menos atacam os mesmos problemas do mundo. Talvez fosse melhor reunir esses grupos existentes do que criar uma nova, e incluir propostas para que trabalhem juntas pela erradicação da pobreza”, sugeriu.

A VII Conferência da IAP continua nos próximos dois dias, 25 e 26, com extensa programação. A reunião também inclui um evento paralelo, são os Diálogos para o Desenvolvimento, três entrevistas coletivas temáticas, com dois cientistas especialistas em cada tema mediadas por jornalistas especializados de diferentes meios de comunicação. A ideia dos encontros é aproximar a comunidade científica tanto dos jornalistas como de representantes de outros segmentos sociais, já que a conferência é fechada para convidados.