Nascido em 1984, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde foi criado, Renato Tavares Martins era apaixonado por ciências e história no colégio. Quando não estava em sala de aula, gostava de jogar futebol – o que, segundo ele, foi fundamental para que ele desenvolvesse valores como disciplina e espírito de equipe.  

A vocação para ser cientista se revelou quando Renato era pequeno e ganhou dos pais um jogo com kits de experiências. Ele ficava intrigado, buscando entender como ocorriam as reações para mudanças de cores ou como funcionava a tinta invisível. A paixão pela natureza, que no futuro o conduziria para a graduação em ciências biológicas, aflorou durante as viagens ao sítio dos avós, onde ele coletava insetos e pescava no rio Paraibuna. Além disso, Renato sempre gostou de criar animais, de coelhos a cabras, e observar seus comportamentos. 

Filho mais velho de um engenheiro e de uma professora, Martins foi o único da família a optar pela carreira de cientista. O irmão do meio é empresário e a irmã mais nova é engenheira civil. 

 Por conta da afinidade com a área científica, Renato conta que já sabia que seguiria por esse caminho, mas estava em dúvida entre o curso de farmácia e o de biologia. Foi durante o curso preparatório para o vestibular que ele escolheu a biologia, pois percebeu que ali seria possível se dedicar às pesquisas e disciplinas que despertavam o seu interesse. “E foi uma decisão muito acertada”, apontou. 

Renato Tavares Martins ingressou na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para dar início ao curso de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas. Já no primeiro semestre, estagiou no herbário da UFJF, onde teve seu primeiro contato com a pesquisa na universidade. No ano seguinte, teve a oportunidade de realizar um estágio até o final de 2005 no Departamento de Zoologia em um projeto sobre a helmintofauna das traíras da Represa Dr. João Penido, em Juiz de Fora. 

Em 2005, Martins recebeu sua primeira bolsa de iniciação científica, em um projeto que avaliou a utilização de protozoários e invertebrados específicos como bioindicadores (ou seja, para medir a qualidade do ambiente) – um de seus temas preferidos de pesquisa até hoje. Na mesma época, ele também iniciou sua participação como membro consultor em um levantamento de fauna para a instalação da Usina Hidrelétrica de Picada. Sua monografia, finalizada em 2006, acabou sendo também seu primeiro artigo como primeiro autor em 2008 (“Tubificidae (Annelida: Oligochaeta) as an indicator of water quality in na urban stream in Southeast Brazil”). 

Em março de 2007, quando iniciou o mestrado em zoologia sob orientação do professor Roberto G. Alves, Renato começou a se interessar por novas áreas dentro da biologia, como os estudos de decomposição foliar em ambientes aquáticos, uma área até então desconhecida para ele. Durante o desenvolvimento do projeto, ele aprendeu a parte experimental e diversos conceitos associados ao processo de decomposição foliar, e também reforçou seu aprendizado sobre os invertebrados aquáticos. Durante os anos no mestrado, ele teve um gostinho de experimentar como era a rotina nas salas de aula: “Pude ver como é prazeroso ensinar e aprender com os alunos de graduação. Outros dois momentos muito marcantes foram minha primeira co-orientação e minha primeira participação como membro de banca de monografia”, relatou.

Após a defesa da dissertação, em 2009, Renato deu início a minha maior mudança profissional de sua vida até aquele momento: um convite para conhecer Manaus (AM) e o laboratório da Dra. Neusa Hamada, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). “Antes desta viagem, estava indeciso sobre onde iria fazer meu doutorado, mas conhecendo a infraestrutura e a paixão de minha futura orientadora pelos insetos, voltei decidido a passar no processo seletivo”, compartilhou o pesquisador. Naquele mesmo ano, além de ser aprovado para cursar o doutorado com enfoque em entomologia no INPA, o biólogo iniciou a participação em projetos de pesquisa de maior porte, como em institutos nacionais de ciência e tecnologia. Entre incertezas e novas oportunidades, mais uma grande mudança: o casamento com Malu, sua grande parceira, que foi fundamental durante a produção de sua tese de doutorado. 

Atualmente, Martins é bolsista de pós-doutorado no projeto Fixação de Pesquisadores no Amazonas (Fixam) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e desenvolve suas pesquisas no INPA, onde trabalha com duas linhas principais: na primeira delas, busca entender como as características das folhas, como dureza e nutrientes, os fatores ambientais, os insetos e os micro-organismos, tais como fungos e bactérias, influenciam a decomposição foliar nos ambientes aquáticos. A segunda delas engloba a avaliação dos efeitos dos impactos humanos sobre os ambientes aquáticos, os invertebrados aquáticos e a decomposição foliar. Ele explicou: “Busco entender se a fauna de invertebrados em riachos impactados ou preservados é similar, ou se alguns táxons são excluídos, por serem sensíveis ao impacto. Também busco entender se os diferentes táxons de invertebrados respondem de maneira similar ou não aos diferentes tipos de impactos humanos. Além disso, como essas alterações na fauna podem influenciar o processo de decomposição foliar nos ambientes impactados.” 

Assumidamente apaixonado por ciência, o pesquisador afirma: “o que mais me encanta na ciência é a busca pelo conhecimento e sua constante evolução, ou seja, a busca por responder questões ainda não respondidas e por aprimorar o conhecimento atual.” Em sua área, sua principal motivação é buscar entender como a natureza funciona, principalmente os ambientes aquáticos, saber como e onde diferentes grupos de insetos aquáticos podem ser encontrados, como eles se relacionam com o ambiente e como influenciam processos ecológicos.

Questionado sobre como é ser convidado para ser membro afiliado da ABC, ele afirma estar honrado, e que trata-se de “um grande incentivo para continuidade e desenvolvimento da pesquisa, ainda mais nesse momento difícil e desafiador onde a ciência é colocada à prova, mas se mostra capaz de trazer respostas expressivas para a população.” Ele espera poder contribuir com as discussões propostas e fornecer retorno da produção científica à sociedade. 

Torcedor do Botafogo, Tavares gosta de acompanhar futebol no tempo livre. Durante o último ano, ele tem dedicado todo tempo livre a curtir a família, principalmente para poder acompanhar o desenvolvimento e as mudanças da Lis, sua filha de um ano.