Confira o artigo “O futuro depende da ciência que construirmos”, escrito por Roberto Lent (membro titular da ABC) para a coluna A Hora da Ciência, do jornal O Globo. O texto foi publicado hoje, 04/03 e fala sobre a necessidade do país de ampliar os investimentos na ciência nacional. Lent é professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa.

 

Todos vocês provavelmente conhecem Louis Pasteur. O biólogo francês nos deixou um senhor legado. Demonstrou que a vida não tem geração espontânea. É um contínuo sem fim, que passa de um indivíduo a outro. As bactérias simplesmente se dividem em duas. Em nosso caso, é preciso que duas pessoas um dia reúnam suas células sexuais para gerar outra pessoa. Parece óbvio agora, mas no século XIX não era. Pasteur não parou aí. Provocado pelos vinicultores franceses, usou esse conceito para descobrir por que os vinhos azedavam: eram os microrganismos do ambiente que neles se reproduziam. E mais, para resolver o problema, criou uma técnica até hoje utilizada: a pasteurização das bebidas e alimentos. E até uma vacina ele inventou, a antirrábica.

A contribuição singular de Pasteur naquele momento incipiente da Ciência, trazido à complexidade atual da sociedade humana, remete à construção de todo um sistema de Ciência e Tecnologia que trabalhe com essas duas pontas. Da pesquisa básica à inovação. O sociólogo norte-americano Donald Stokes chamou isso de “quadrante de Pasteur”, ou seja, um sistema de C&T com infraestrutura e capital humano aptos a inspirar-se em questões de interesse público, sob todos os ângulos possíveis.

Para construir um sistema assim, que ainda poucos países possuem (não por coincidência, os mais desenvolvidos), é preciso uma política sustentada ao longo de décadas, com o convencimento dos cidadãos e dos políticos. Isso significa que é preciso fomentar o ensino de ciências, divulgar o trabalho dos cientistas por todas as mídias, oferecer bolsas aos alunos talentosos que aprendem a ser cientistas nos laboratórios. Além disso, é necessário financiar a longo prazo os projetos de mérito, sem preconceitos temáticos: da cosmologia à engenharia nuclear, da origem da vida às biotecnologias, da natureza humana às técnicas de ensino.

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O tempo não para, e os brasileiros têm pressa. Se construirmos um robusto quadrante de Pasteur em território brasileiro, mudaremos o cenário.

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