Leia este artigo escrito pela Acadêmica Manuela Carneiro da Cunha para o UOL Notícias, publicado em 17/9:

Manuela Carneiro da Cunha em evento do IEA/USPA Comissão Arns acaba de receber notícias altamente preocupantes sobre a situação de povos indígenas isolados, que são, como é sabido, os mais vulneráveis dentre os vulneráveis. São eles os que foram e continuam sendo sumariamente extintos sem que sequer a notícia do seu genocídio consiga sair da floresta. Desaparecem.
O caso da Terra Indígena Ituna Itatá no Pará é ainda mais macabro, pois já se antecipa um genocídio que não aconteceu. Interditada em 2011 pela Funai por evidências de existência de povo isolado, e posteriormente delimitada, essa terra tinha, em 2011, apenas 63 hectares desmatados. Situada na área de influência da Hidrelétrica de Belo Monte, a partir de 2017, a TI começou a sofrer invasões, que aumentaram muito em 2018. Em 2019, já foi campeã de desmatamento anual de toda a Amazônia, com 11.990 hectares desmatados!
As invasões em terras indígenas e unidades de conservação explodiram nos dois últimos anos. Aumentaram o desmatamento nessas áreas em proporção muito maior do que no restante da Amazônia. Há claramente aí uma resposta ao incentivo do governo e ao desmonte das instituições de controle e proteção dos povos indígenas e do meio ambiente. Na Funai, e especialmente no grupo dedicado à proteção dos povos isolados e dos recém-contatados, há cada vez menos recursos humanos e menos apoio da presidência.
Na semana passada, Rieli Franciscato, um indigenista com trinta anos de experiência com povos isolados, foi morto por uma flecha ao tentar averiguar avistamentos. De quem é a culpa? Rieli tinha pedido apoio à Polícia Militar, que apenas cedeu dois policiais para acompanhá-lo. Esse ataque ocorreu quando toda a TI Uru Eu Wau-Wau, dentro da qual se refugiava o povo isolado, estava sendo invadida e desmatada em taxas cada vez mais altas.
Repetimos: honrar a morte de Rieli é fazer valer a Constituição e tirar os invasores.