Leia artigo do Acadêmico Daniel Martins-de-Souza, professor de bioquímica da Unicamp, líder do Laboratório de Neuroproteômica, coordenador da área de Biologia da Fapesp e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino publicado no Jornal da Unicamp, em 8/9:

Em contraste ao sol que brilha nesta véspera de feriado, temos vivido o período mais obscuro deste século. Esta dura constatação traz consigo antagonismos: em situações de grande adversidade, a humanidade avança. Os maiores saltos de nossa espécie vêm em tempos de guerra, revolução e pandemia. O trauma traz consigo seu sinônimo: a quebra. Há quebras de paradigmas em tempos de pandemia.

Seres humanos até podem controlar o passo e a severidade de uma guerra e de uma revolução. Não conseguimos, entretanto, controlar de maneira direta o passo de uma pandemia. Durante uma guerra, tréguas são pedidas. Só depende da vontade dos seres humanos envolvidos. Numa pandemia como a que vivemos, não temos como pedir para o vírus parar. Em um período tenso da história, as Olimpíadas ocorreram em 1936. Mas não durante esta pandemia. O Natal já foi motivo de trégua bélica durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914. Mas em 2020, não teve dia das mães e dos pais.

Por definição, o homo sapiens tem dificuldade de lidar com a falta de controle. Sentimo-nos perdidos e eventualmente desesperados por não poder controlar aquilo que nos controla. Os vilões do século – ansiedade e depressão – têm sido mais frequentes nos que em casa ficam e também nos que fora dela estão, por necessidade. Podemos tentar manter algum controle sobre esta situação ao nos mantermos em casa (quando possível), evitando aglomerações e aplicando as medidas sanitárias recomendadas. Mas, ainda assim, sentimo-nos controlados por algo invisível e infinitamente menor que nós. O vírus é menor que a menor parte de nós. Não sabemos se ele está em nossa comida, no trinco da nossa porta ou no ar ao nosso redor.

A ciência também traz luz. Na verdade, para ela o vírus não é invisível. Cientistas conseguem literalmente enxergar o vírus. Ver sua forma. Sua quantidade nas células humanas. Centenas de cientistas no Brasil e no mundo tem trabalhado 24 horas, 7 dias por semana para compreender o que o vírus faz em cada uma das diferentes células que temos; no pulmão, no intestino, no sangue, no cérebro. Cientistas têm trabalhado para desenvolver a vacina mais rápida já desenvolvida na história da humanidade.

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