Leia matéria da Agência O Globo, publicada na revista digital Pequenas Empresas, Grandes Negócios, em 8/8:

Na pandemia do coronavírus, práticas consolidadas da medicina se encontraram com a vanguarda da ciência. O encontro de conhecimento, inovação e esforço coletivo de profissionais de saúde e cientistas salvou milhões de vidas. No meio da tragédia, mesmo em países contaminados pelo negacionismo científico e tendo à frente uma nova doença, letal e extremamente contagiosa, esse encontro produziu, em tempo recorde, formas de curar a maioria dos doentes. E acena com a proteção de uma vacina.

Nunca na História se aprendeu e se produziu tanto em tão pouco tempo, destaca o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich. Ele frisa que a ciência brasileira desempenhou papel fundamental.

Comedimento é parte da cultura científica, mas Jerson Lima Silva [membro titular da ABC], professor titular do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente da Faperj, afirma que o momento é superlativo:

— Em oito meses, a ciência fez uma revolução. Em janeiro, nada sabíamos sobre o Sars-CoV-2. E agora temos mais de 200 vacinas em desenvolvimento e veremos algumas prontas, em meses, para imunizar a população. Há vacinas de diferentes formas, estratégias inovadoras, tudo em tempo recorde. A ciência respondeu à urgência da sociedade e demonstrou como nunca ser essencial à Humanidade — enfatiza.

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O próprio coronavírus teve o genoma sequenciado em poucos dias por chineses, e esse trabalho foi a base para identificar linhagens e, com elas, rastrear o espalhamento da pandemia, trabalho realizado com destaque no Brasil. Permitiu também desenvolver teste de diagnóstico molecular (RT-PCR) em semanas e exames de anticorpos. Ainda que estes últimos ainda não tenham a precisão ideal, representam um avanço.

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Uma das pioneiras no estudo da Covid-19 no Brasil e no mundo, a médica Patricia Rocco [membro titular da ABC] salienta que em oito meses foi possível desvendar mecanismos importantes da ação do coronavírus. E a Covid-19 se revelou muito mais complexa do que uma mera pneumonia que se acreditava no início.

Tradição e inovação

Patrícia propôs mudar o nome da Covid-19 para síndrome infecciosa de múltiplos órgãos. Pois o pulmão é só a porta de entrada de uma doença que pode afetar coração, cérebro, rins, fígado e provocar trombos generalizados.

— Avançamos muito. A Covid-19 se tornou tratável, quase sempre com sucesso, por instrumentos conhecidos da boa prática médica — diz Patrícia, que chefia o Laboratório de Investigação Pulmonar da UFRJ.

Os respiradores perderam protagonismo. O procedimento de prona, que consiste em pôr o paciente de barriga para baixo, os corriqueiros corticoides e anticoagulantes fizeram a diferença. Os três são velhos conhecidos, que ganharam nova importância.

— Descobrimos que temos que proteger o cérebro, coração, rins. Criamos algoritmos de prognóstico de casos — acrescenta ela.

Além da vacina, cientistas buscam uma droga contra os primeiros sintomas, que não deixe a infecção progredir. Enquanto a vacina não vem, uma droga assim pouparia vidas. Há centenas de estudos em curso, observa Mauro Teixeira [vice-presidente da ABC para MG &CO], professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cujo grupo estuda a ação de substâncias contra a Covid-19.

O grande nó não é mais o tratamento, mas o acesso à saúde de qualidade.

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