Leia matéria de Fabrício Marques para a revista Pesquisa Fapesp, publicada em 14/6:

O Acadêmico Fernando de Queiroz Cunha, coordenador do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias, fala da busca de um novo alvo terapêutico para tratar pacientes graves do novo coronavírus.

“Quando houve o agravamento da pandemia, nosso grupo começou a discutir como poderia contribuir para gerar conhecimento sobre o novo coronavírus. Coordeno o Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias [Crid], um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão [Cepid] apoiados pela Fapesp, sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo [FMRP-USP], e o nosso foco principal tem sido a pesquisa de caráter translacional, que busca gerar conhecimento básico que tenha aplicação clínica e traga benefícios para os pacientes. O objetivo do centro é entender a fisiopatologia das doenças inflamatórias e propor alvos terapêuticos para desenvolver novos medicamentos.

Reunimos todos os pesquisadores do Crid com destaque para os membros da área clínica e concluímos que, sim, poderíamos dar uma contribuição. Vamos discutir um exemplo: em trabalhos anteriores, mostramos que uma doença inflamatória, a sepse, gera respostas sistêmicas semelhantes às que se veem agora com o coronavírus. Conhecida anteriormente como septicemia, a sepse se caracteriza por uma resposta inflamatória sistêmica em decorrência de uma infecção e é fatal para mais de 30% dos pacientes.

Em muitos casos graves de Covid-19, a infecção pelo vírus também produz um processo inflamatório intenso, que lesa os tecidos e causa problemas respiratórios, cardíacos ou renais.

Há uma rede de pesquisadores envolvida nesse esforço, inclusive alguns de fora do Cepid, como o professor Eurico de Arruda Neto, especialista em vírus respiratórios aqui da FMRP. Uma de nossas professoras, a Larissa Dias da Cunha, estuda mecanismos pelos quais os leucócitos mononucleares morrem durante a covid-19, além de coordenar o processo de obtenção e armazenamento das amostras, enquanto eu e os professores Paulo Louzada e Rene Oliveira estudamos a presença dos neutrófilos e seu papel na Covid-19. O Dario Zamboni [membro afiliado da ABC 2011-2015]  estuda os mecanismos envolvidos no reconhecimento do vírus Sars-CoV-2 pelas células de defesa dos pacientes. Outro pesquisador, o José Carlos Alves Filho [membro afiliado da ABC 2012-2016] , estuda o processo de remodelação do pulmão depois que os pacientes se curam. O Thiago Mattar Cunha [membro afiliado da ABC 2011-2015] está tentando identificar que genes estão mais expressos durante a replicação e infecção viral e quais proteínas são expressas, a fim de sugerir novos alvos para tratar a pandemia. Há vários outros pesquisadores participando. Obviamente que temos que destacar a importância da participação dos pesquisadores clínicos Paulo Louzada e Rene Oliveira.”

Leia o depoimento na íntegra.