Leia a matéria de Ana Augusta Odorissi Xavier, Germana Barata, Laura Segovia Tercic e Mariana Hafiz para a Revista Com Ciência, publicada em 13/5:

Se até 2019 a ciência tinha um espaço tímido no noticiário, com a pandemia do novo coronavírus ela se tornou protagonista. Geneticistas, pneumologistas, infectologistas, historiadores e outros especialistas estão todos os dias no noticiário e passam a planejar na rotina de trabalho as entrevistas com jornalistas do país todo. O avanço da Covid-19 diminuiu o distanciamento entre cientistas e imprensa, pois traz a necessidade de falar sobre ciência com quem a produz, em busca de informações confiáveis e atualizadas para o público.

Boa parte desses pesquisadores, no entanto, não está acostumada a lidar com a mídia e tampouco recebeu treinamento para falar com jornalistas. A nova demanda aproxima cientistas da mídia e sociedade e pressiona para treinamentos futuros que possam melhorar as competências para falar com a mídia.

Cursos de Media Training, ou treinamento para lidar com a mídia, trabalham estratégias que ajudam os pesquisadores no trato com a imprensa, como técnicas de impostação de voz e comportamento diante da câmera. Entretanto, esse treinamento ainda não faz parte da rotina da maioria das universidades e institutos de pesquisa no Brasil. Com isso a mídia costuma contar, com frequência, com os mesmos pesquisadores, aqueles que se expressam bem e que estão disponíveis.

Laura Gallagher, diretoria de comunicação do Imperial College of London (Reino Unido), instituição referência na divulgação de modelos que prevêem a disseminação do novo coronavírus pelo mundo, afirmou, em artigo de Amber Dance para o site da revista Nature, que cientistas entrevistados recebem mais citações de seus artigos, contatos de possíveis colaboradores e convites para conferências.

Um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz com cientistas brasileiros avaliou suas percepções sobre a cobertura de ciência pela mídia e sua relação com jornalistas. A análise, publicada em junho de 2016 nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, mostrou que para 67% dos participantes a divulgação de suas pesquisas teve impacto positivo na carreira do cientista, sobretudo na hora de conseguir financiamento para pesquisas e ter seus trabalhos aceitos para publicação em periódicos científicos.

Ana Ribeiro diz que o Instituto Emílio Ribas também conta com o intermédio de assessores, porém, com a atual alta demanda, a comunicação com os pesquisadores e outros profissionais tem sido feita de maneira informal, diretamente entre pesquisadores e jornalistas. A epidemiologista ressalta a importância do trabalho dos assessores de imprensa que fazem toda a diferença na experiência de intermediação entre cientistas e mídia faz. “Algumas orientações são essenciais, mas, ao mesmo tempo, quando há assessoria, há um certo controle do que será falado, diferente do que está acontecendo agora por causa da demanda da pandemia”, pontua.

Leia a matéria na íntegra.

Leia o estudo publicado pelos Anais da Academia Brasileira de Ciências.