Leia a matéria de Giovana Girardi para O Estado de São Paulo, publicada em 21/03:

SÃO PAULO – Um dos principais desafios do enfrentamento do coronavírus hoje no Brasil é testar casos suspeitos. As autoridades de saúde estabeleceram que só serão testados casos graves — por causa da capacidade limitada de laboratórios e dos altos custos. Mas nem isso é simples, e ainda impede que se tenha uma noção real do tamanho da epidemia. Diante desse quadro, pesquisadores estão se mobilizando para aumentar a capacidade do país contra a doença, superando até as dificuldades provocadas por seguidos cortes de verbas.

Nos últimos dias, começaram a surgir diversas iniciativas para convocar voluntários para ajudarem a fazer os testes em si, aproveitar insumos que seriam usados em outras pesquisas, atrair laboratórios privados. Por outro lado, há uma corrida para tentar desenvolver testes mais baratos e rápidos.

Um dos esforços é da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que tenta criar um teste sorológico para detectar a infecção — em vez do genético (PCR), como é feito hoje. Se der certo, a expectativa é que com apenas uma gota de sangue do paciente será possível saber se ele tem o coronavírus e em qual estágio.

A pesquisa é liderada por Leda Castilho, coordenadora do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe/UFRJ [e membro afiliado da ABC de 2008 a 2013], que começou a trabalhar nesse assunto no começo de fevereiro, tão logo cientistas chineses sequenciaram o genoma do coronavírus que afeta o país desde dezembro.

Seu grupo está produzindo em laboratório uma cópia de uma proteína da espícula (aquelas pontinhas do vírus). Com esse material, será possível detectar se o paciente desenvolveu anticorpos para a covid-19, já que eles reagiriam à proteína.

“O corpo, ao ser infectado, produz anticorpos ao tentar se defender. E produz de diferentes tipos: tem um específico para a mucosa, um outro produzido poucos dias após o contagio — em geral, quando os sintomas aparecem — e tem outro produzido cerca de duas semanas após a contaminação. Pretendemos identificar os três tipos. O que vai permitir saber se a pessoa está contaminada ou já esteve recentemente e ficou sem sintomas, por exemplo. Se não reagir com nenhum deles, a pessoa provavelmente estará com outra doença”, diz.

Leda não quis dar uma estimativa de quando o teste poderá estar pronto, mas diz esperar que seja antes de três meses — a tempo de ser usado ainda nesta onda da covid-19. Em média, para outras doenças, a diferença de preços do PCR para exames sorológicos é de 1/3 a 1/4.

Confira a matéria na íntegra.

 


ABC na pandemia do coronavírus: conhecer para entender!
Compartilhe:  https://bit.ly/ABCCovid19