Em artigo publicado na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology, pesquisadores brasileiros comprovaram a eficácia dos organoides cerebrais como modelos para o estudo de desordens psiquiátricas e demais doenças do cérebro. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo foi parte do pós-doutorado da bióloga Juliana Minardi Nascimento (Universidade Estadual de Campinas – Unicamp / Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino – IDOR).

Como supervisores do pós-doutorado de Nascimento, participaram o afiliado da ABC, para o período de 2017 a 2021, Daniel Martins-de-Souza (Unicamp / Instituto Nacional de Biomarcadores em Neuropsiquiatria – INBioN) e o ex-membro afiliado da ABC Stevens Rehen (IDOR / Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ).

Microscopia de um pedaço do organoide: em verde, a proteína MAP2, e em rosa, a proteína SOX2.

Os organoides cerebrais são modelos tridimensionais de células do cérebro em estágio embrionário, gerados a partir de células-tronco e desenvolvidos em laboratório. Ao comparar as proteínas desses organoides com as do tecido cerebral humano, os cientistas descobriram que os dois têm a bioquímica bem parecida. Além disso, esses organoides apresentam células além dos neurônios já esperados.

Esse resultado serviu de base para a constatação de que os organoides podem ser usados como modelos in vitro para estudar doenças humanas. O Acadêmico Daniel Martins-de-Souza conta que o modelo já está sendo usado para o estudo da esquizofrenia.

Em recente pesquisa de Nascimento, foram produzidos organoides a partir de células-tronco de pacientes com esquizofrenia e também de pessoas mentalmente sadias. Ao correlacionar quais e quanto de proteína é produzido nesses dois cenários, o Acadêmico explica que a pesquisa mostra quais genes são produzidos com maior ou menor intensidade, ajudando na compreensão de como a doença funciona.