Da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, Rafael Cypriano Dutra foi até o sul do país em busca de uma formação de excelência, para fazer o doutorado em farmacologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a orientação do professor e Acadêmico João Batista Calixto. Hoje, aos 36 anos, o novo membro afiliado da Regional Sul da ABC 2019-2023 é professor adjunto e chefe do Departamento de Ciências da Saúde da UFSC – Campus Araranguá.

As viagens e mudanças para estudar começaram ainda no ensino médio para Rafael. Assim como Tiago, seu irmão mais velho, mudou-se ainda adolescente para Juiz de Fora e lá terminou o ensino médio. Em seguida, fez um curso pré-vestibular e a graduação em farmácia e bioquímica na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Foi logo no início do curso que Rafael escutou pela primeira vez as palavras pesquisador, pesquisa, ciência e iniciação científica. Ele lembra que chegou a fazer um treinamento profissional nos laboratórios de pesquisa da UFJF, pelo qual recebeu a bolsa de R$ 100. “Na época, o fato de receber para estudar e iniciar uma carreira como cientista – mesmo que eu não tivesse a mínima noção do que isso significaria – era surreal para mim, e foi assim que as coisas começaram”, ele comenta.

Seu primeiro treinamento foi no Laboratório de Farmacodinâmica, coordenado pelo professor Orlando Vieira de Sousa, em parceria com a professora Magda Narciso Leite, coordenadora do Laboratório de Fitoquímica e Produtos Naturais, e o professor Daniel Sales Pimenta, coordenador do Laboratório de Botânica.

Ele reforça que esses professores, juntamente com o professor Raúl Marcel González Garcia, “foram sem dúvida a força motriz inicial para minha trajetória acadêmica e profissional”.

Após a graduação, entre 2006 e 2008, Rafael realizou o mestrado em ciências biológicas na UFJF, sob a orientação da professora Nádia Rezende Barbosa. Ele destaca a importância da professora em sua carreira: “O convívio com a professora Nádia foi sublime e desta relação surgiu uma profunda amizade. Junto a esta pessoa de caráter admirável obtive orientação segura, oportunidade de amadurecimento profissional e, principalmente, pessoal. Tenho certeza que o meu perfil profissional atual tem muito das características e experiências compartilhadas com a professora Nádia”.

Depois, entre 2008 e 2012, Dutra fez o doutorado em farmacologia na UFSC, sob a orientação do professor João Batista Calixto – um nome que sempre constava em seus referenciais teóricos. Nessa fase, realizou ainda um período sanduíche na Universidad Nacional de Córdoba, na Argentina, sob a orientação do professor German Roth.

Entre 2016 e 2017, retornou a UFJF para um estágio de pós-doutorado. Mas atua, desde 2012, como professor e pesquisador na UFSC e tem buscado compreender os aspectos neurobiológicos e imunofisiológicos envolvidos na patofisiologia das doenças autoimunes e imunomediadas. Nessa área, seu grupo de pesquisa procura descobrir substâncias, sintéticas ou naturais, farmacologicamente eficazes no tratamento dessas patologias.

Dutra relata que, desde quando conseguiu estabelecer o seu “DNA” na linha de pesquisa escolhida, tinha dois objetivos: se tornar bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), alcançado em 2006; e membro afiliado da ABC, alcançado este ano.

Como integrante da Academia, Rafael Dutra pretende contribuir para as discussões e avanços da ciência no país. “Agora novas metas e objetivos foram traçados para a minha carreira, e dentre esses está a presença ativa no cenário da ABC”.