Para Renata de Meirelles Santos Pereira, a ciência é uma forma encantadora do ser humano interagir compreensivamente com o mundo que o cerca. Pensando nisso, a nova afiliada da Regional Rio de Janeiro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), para o período de 2019 a 2023, investe sua ciência no entendimento de como o corpo humano interage com ameaças, como patógenos e o câncer.

Professora adjunta do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renata é carioca e tem 38 anos. Com pais, irmão, tios e primos atuando nas ciências biomédicas, a escolha da carreira seguiu uma paixão familiar.

“O rico ambiente familiar no qual eu vivi me estimulou para o interesse no entendimento da vida em todos os seus ângulos, percepções e abordagens”. Ela destaca: “Além de biólogos, médicos e professores, eu tinha na família o exemplo de um filósofo, um escritor, um engenheiro, um músico, um físico, para citar alguns”.

Fosse passeando nas praias do litoral do Rio durante as férias ou brincando com os animais no quintal de casa, a natureza teve presença forte na vida da cientista desde a infância. No ensino fundamental, suas disciplinas favoritas eram as ciências. Quando chegou ao ensino médio, sua tendência para a biologia já era clara.

Em 1999, ingressou no curso de ciências biológicas da UFRJ. Quando fez a disciplina de biologia celular, logo no primeiro período da graduação, já sentiu um gosto especial pelo campo da biologia celular/molecular. No mesmo ano, fez iniciação científica no Laboratório de Parasitologia Molecular do Instituto de Biofísica, sob a orientação do professor Ulisses Gazos Lopes, que a orientou ao longo de toda sua trajetória acadêmica.

Concluída a graduação, em 2003, começou o mestrado em ciências biológicas (biofísica) na UFRJ. Logo em seguida, fez o doutorado na mesma área e universidade.

Na UFRJ, realizou ainda dois programas de pós-doutorado, um em 2010 e outro em 2015. Em 2011, por indicação do professor Lopes, foi orientada pela professora Anjana Rao em um programa de pós-doutorado no La Jolla Institute for Allergy and Immunology, nos Estados Unidos.

“Ulisses e Anjana são os pilares acadêmicos cruciais para a pesquisadora que sou hoje”, ela declara. Renata ressalta ainda a importância na sua formação dos alunos que orientou e co-orientou: “Grande parte do meu crescimento científico veio, e ainda vem, do esforço de ensinar. Ensinar talvez seja a maior forma de crescimento”.

Como pesquisadora, seu objetivo é avançar na compreensão dos mecanismos moleculares que regulam a diferenciação dos linfócitos T – importantes células do sistema imune – na proteção do organismo. Ela explica que esse tipo de trabalho dá abertura para o desenho racional de estratégias avançadas de imunoterapia contra cânceres, como o melanoma, e infecções, como a causada pelo HIV.

Quando foi nomeada membro afiliada da ABC, Renata afirma que teve um forte sentimento de responsabilidade em propagar a ciência de forma consciente, educativa e inspiradora, para a sociedade em todos os seus níveis de representatividade – seja etário, social, cultural, racial ou de gênero.

“Sobretudo no momento em que vivemos, no qual o conhecimento científico estabelecido vem sendo desafiado por um obscurantismo desprovido de rigor intelectual, sinto a responsabilidade de, enquanto membro da Academia, transmitir a todos que possa alcançar com minhas palavras o entendimento de que não há desenvolvimento humano e econômico em uma nação que não investe e se interessa por ciência”, conclui a pesquisadora.

Renata de Meirelles Santos Pereira

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