Diretora executiva do Centro de Performance Industrial (IPC, na sigla em inglês) do Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), a economista Elizabeth Reynolds contou que busca entender o que acontece com a produtividade americana por meio das ciências sociais e exatas. Procura compreender também como esse ecossistema funciona no Brasil e como o país se relaciona com o sistema global, focando nos últimos 20 anos de inovação institucional, que surgiu junto com novas politicas industriais. O objetivo é estimular parcerias.

Reynolds tratou da parceria estabelecida em 2014 entre sua instituição, o MIT-IPC, e o Senai, no Brasil. É um projeto de pesquisa por cinco anos, com o objetivo de avaliar os Institutos de Inovação da rede Senai/Sesi, para verificar como eles se encaixam no ecossistema mais amplo, como podem alcançar mais inovação em nível nacional e regional. Envolve ainda estudar este ecossistema mais abrangente e fazer recomendações para aumentar a capacidade de inovação, assim como fortalecer os vínculos entre as instituições de ambos os países, nos pontos que dizem respeito a educação, pesquisa e desenvolvimento (P&D), negócios e outros pontos de conexão.

“O ‘custo Brasil’ é um conceito bem entendido. Os riscos são altos, mas têm que ser assumidos. Porque permitir o fracasso é essencial na inovação, afirmou Reynolds.

Em sua visão, o Brasil teve um desenvolvimento significativo em inovação nos últimos 20 anos. A crise política e econômica, no entanto, está ameaçando os avanços obtidos. “O país precisa promover setores estratégicos, focar em algumas áreas em que tenha vantagens comparativas, de modo a aproveitar as oportunidades”, afirmou Reynolds.

Ela ressalta que existe um ecossistema para encorajar as empresas de jovens, mas que só há apoio na fase inicial do empreendimento. Estas empresas, em seu ponto de vista, poderiam levantar capital por meio de parcerias internacionais. “Há grandes líderes de empresas globais querendo investir na nova geração de jovens empreendedores. Os parceiros fazem a transferência de tecnologia, mapeiam o mercado, desenvolvem capacidades para o país e fazem as conexões globais”, afirmou, acentuando que o Brasil tem que ter uma agenda de inovação para os próximos 20 anos.

Reynolds pondera que o Brasil tem pesquisa de ponta, mas está pulverizada. E que é necessário valorizar essa experiência, fortalecer a capacidade translacional nas universidades, criar em cada uma um escritório de patentes. “Aliar patente à geração imediata de renda e não é uma boa ideia. Tem que ter o licenciamento das patentes, é o mais importante”, alertou.  Em seu ponto de vista, as universidades deveriam concentrar esforços em determinadas áreas de excelência.

Ela apontou modelos inovadores bem-sucedidos no país: a rede de Institutos Senai de Inovação, a Embrapii, os Centros de Pesquisa em Engenharia da Fapesp e a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Reynolds aponta que esses modelos têm que ser permanentemente reavaliados, para que não haja desperdício de recursos caso algum deixe de ser eficaz.

Finalizando, Reynolds ressaltou que as empresas brasileiras de padrão mundial, como a Petrobras, a Embrapa e a Embraer, mostram que quando existe apoio contínuo do governo, há muito sucesso. “Para o Brasil se inserir de fato na economia global, é preciso dar competitividade aos produtos. Os caminhos estão abertos. Agora é dar continuidade com parcerias internacionais.”

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