A reunião da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, no dia 8 de maio, contou com a participação do ministro Marcos Pontes, que valorizou a área que representa.

Numa fala contundente – que começa em 1:18:30 e  dura 17 minutos -, o presidente da ABC, Luiz Davidovich, mostrou a reta descendente dos recursos para CT&I que está forçando os jovens mais brilhantes dos nossos laboratórios irem fazer ciência lá fora, porque não têm mais como fazê-la aqui. “Isso é irrecuperável e é um desperdício dos recursos públicos, porque pagamos pela formação desses pesquisadores nas nossas universidades públicas.”

Juntamente com o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu Moreira, Davidovich representava a comunidade científica nacional, que comunga do sentimento trágico de “ver destroçado um esforço de décadas para construir a ciência brasileira”. Ele apelou para os parlamentares em busca de apoio a algumas medidas em prol da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no país.

Estas medidas envolvem a aprovação do PLS 315, transformando o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) em fundo financeiro e impedindo seu contingenciamento; a aprovação do PL 5876/16, que destina 25% do Fundo Social do Pré-Sal à CT&I; a derrubada dos vetos 03/2019 (Lei dos Fundos Patrimoniais), que cortaram a oferta de incentivos a quem investir em CT&I; e mais recursos para CT&I na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2020.

Davidovich conta como os EUA reagiram à derrota numa das primeiras batalhas pelo espaço. EUA “Após a União Soviética lançar o Sputnik, os Estados Unidos entraram em pânico por acharem que iriam perder a corrida espacial. Foi nesse momento que ocorreu o famoso discurso de John Kennedy, chamado ‘O Discurso da Lua’, em que ele disse: ‘Na próxima década, nós vamos colocar um ser humano na Lua’. O que eles fizeram a partir daí? Mudaram a educação básica. Ciência com mão na massa, não cuspe e giz. Produziram livros com comitês de altíssima qualidade e ensinaram as crianças a aprender ciência fazendo ciência. Mudaram a educação básica, mudaram o perfil industrial e em nove anos colocaram um homem na lua. Foi um grande projeto mobilizador nacional, então cabe a pergunta: qual é a Lua do Brasil?”

Segundo Davidovich, o  Brasil tem todas as condições de ser uma grande potência na área de bioeconomia. “O que está faltando? Está faltando uma agenda nacional de desenvolvimento”, afirmou, sendo aplaudido.