Quando criança, assim que ganhava um carrinho de controle remoto André Lima Ferrer de Almeida já ficava imaginando como o brinquedo funcionava e logo o desmontava, para ver o que tinha por dentro da engenhoca. Hoje, o novo afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) continua buscando compreender a ciência das coisas através da álgebra tensorial. Apaixonado pela área, ele diz que não existe coisa melhor do que se divertir enquanto trabalha.

Nascido em Teresina, Piauí, no ano de 1978, André guarda boas lembranças da infância em sua cidade natal e do período que passou com a família em São Paulo. Gostava de brincar na rua, jogar videogame e amava os jogos de experimentos químicos. Na escola, suas matérias favoritas, matemática e ciências, já davam indícios da carreira que seguiria.

Ele lembra que, aos 15 anos, sua mãe o presenteou com uma fita de vídeo sobre profissões. O filme logo desencadeou seu interesse pelas engenharias, que só cresceu após as aulas de física sobre eletricidade. Fez o vestibular para engenharia elétrica e entrou para a Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1996.

Foi durante a graduação e o mestrado na UFC que o engenheiro desenvolveu seu encanto pela pesquisa científica, em particular na área de processamento de sinais aplicado às telecomunicações. Ele lembra da sorte que teve ao ser orientado pelos professores João Cesar Mota e Rodrigo Cavalcanti, e conta que seu envolvimento em pesquisa numa multinacional da área das telecomunicações impulsionou ainda mais seu interesse pelo campo.

Em 2003, André concluiu seu mestrado em engenharia de teleinformática e, no mesmo ano, iniciou o doutorado em automática, processamento de sinais e imagens na Universidade de Nice Sophia Antipolis, na França. “Foi durante o doutorado que de fato descobri minha aptidão para fazer pesquisa, em particular na área da álgebra tensorial. O apoio incondicional da minha esposa foi determinante também durante os cinco anos em que estive na França para o doutorado”, revelou o Acadêmico.

De 2008 a 2009, o engenheiro ainda participou de dois programas de pós-doutorado: o primeiro no Laboratoire d’Informatique, Signaux et Systèmes de Sophia Antipolis, e o segundo na UFC.

O Acadêmico exerce atualmente a função de docente na UFC, desenvolvendo pesquisas na área da álgebra tensorial aplicada à modelagem e ao processamento de sinais. Ele explica que os tensores “são generalizações dos conceitos de matrizes e fornecem uma representação matematicamente elegante para dados, sinais e sistemas que possuem uma natureza multidimensional”. No seu trabalho, o que encanta Almeida é promover soluções inovadoras para projetar transceptores em sistemas de telecomunicações, processar informação e analisar dados, isto tudo através da álgebra tensorial.

Agraciado com o título de membro afiliado da ABC pela Regional Nordeste e Espírito Santo para o período 2018-2022, o engenheiro quer aproveitar a oportunidade para debater sobre ciência, tecnologia, educação e inovação com pesquisadores de excelência como os da Academia. E, além disso, tem como objetivo “promover a ciência em nosso país e contribuir para o fortalecimento e reconhecimento da importância da ciência e tecnologia para o crescimento do Brasil”.