imagem sem descrição.Foto: Alexandre Moraes

O Acadêmico Horacio Schneider morreu na madrugada desta quinta-feira (27), aos 70 anos. Biólogo, pesquisador e professor, Schneider era professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e bolsista pesquisador nível 1B do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O velório será realizado amanhã, 28 de setembro, a partir das 9h, no Memorial Max Domini (Av. José Bonifácio, 1550).

Em nota, o CNPq declarou que o professor “formou várias gerações de geneticistas, garantindo à UFPA padrão de excelência no desempenho nas Ciências da Vida, e assegurando à Genética Amazônica referência internacional”.

Horacio Schneider nasceu em 15 de maio de 1948, em São Paulo. Cursou a licenciatura em ciências biológicas na UFPA, entre 1970 e 1974. Em 1997, concluiu o mestrado em genética e biologia molecular e em 1984, finalizou o doutorado na mesma área, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob orientação do Acadêmico falecido na mesma semana, Francisco Mauro Salzano.

Entre 1990 e 1991, realizou o pós-doutoramento na Stanford University, nos Estados Unidos, sob a orientação de L. Cavalli-Sforza. Em 2005, fez pós-doutorado na University of Nebraska, nos Estados Unidos, e em 2014, finalizou o pós-doutorado na Leibniz-Zentrum für Marine, na Alemanha.

Na UFPA, o Acadêmico assumiu diversos cargos: foi professor titular, vice-reitor, chefe do Departamento de Genética, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento e vice-coordenador do Núcleo de Meio Ambiente. Foi coordenador do campus de Bragança e o primeiro diretor do Instituto de Estudos Costeiros do campus.

Em declaração, a reitoria da UFPA determinou três dias de luto oficial na instituição e apontou que “o Prof. Horacio Schneider deixa um legado ético e intelectual de valor inestimável, que certamente inspirará as gerações futuras de pesquisadores amazônidas”.

O diretor geral, José Ricardo Vieira, e Jeannie dos Santos, diretora adjunta do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA também homenagearam o professor: “Suas conquistas acadêmicas e profissionais são inúmeras e se somam às conquistas no âmbito pessoal em que constituiu família exemplar, adotando postura política firme e democrática e construindo larga base de amizade e admiradores”.

O biólogo atuou também em vários órgãos nacionais, tendo sido membro titular do Programa Nacional da Diversidade Biológica (Pronabio) e vice-presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Em 2010, foi condecorado com a classe Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Schneider foi participante ativo das sociedades científicas brasileiras e integrou como membro titular a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Sociedade Brasileira de Genética (SBG).

Como pesquisador, tinha seu trabalho voltado para a evolução de vertebrados em geral e dos primatas, e para a genética de populações animais.

Em declaração, o professor Vasco Azevedo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), prestou homenagem ao professor da UFPA:

“Fica conosco a lembrança de uma vida muito bem vivida tanto no campo profissional como no pessoal. Horacio foi uma pessoa única que sempre teve a capacidade de transformar em poesia as dificuldades enfrentadas, com humor, praticidade e otimismo. Era acadêmico, imortal da Academia Brasileira de Ciências, geneticista, professor, pesquisador, pai, avô e companheiro que nos deixa muitas saudades, mas mais do que isso, nos deixa seu exemplo de vida.”

O professor Cristovam Diniz, ex-reitor da UFPA, também se manifestou sobre a morte do amigo:

“Seu exemplo é aparente no comportamento das gerações que o sucedem no trabalho de manter a genética amazônica uma referência internacional. Reuniu a um só tempo todos os talentos necessários à liderança das transformações que empreendeu: foi competente, resistente ao isolamento científico, à burocracia cega e ao financiamento espasmódico dos tempos duros que teve que enfrentar para materializar suas conquistas institucionais. Seu lema de ‘lutar sempre, desistir jamais’ espelha bem sua fortaleza. Vá em paz caro amigo.”