No dia 20 de outubro, aconteceu a 11ª edição do Prêmio LOréal-UNESCO-ABC Para Mulheres na Ciência. Dessa vez, a cerimônia aconteceu no auditório do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, e teve a presença do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.

Tais Araujo, Renata Capucci, Ana Leonor Chies Santos, Elisama Vieira Santos, Didier Tisserand, Fernanda de Pinho Werneck, Adriana Neumann de Oliveira, Luiz Davidovich, Gabriela Trevisan, Denise Morais da Fonseca, Ary Mergulhão e Claudia Kimie Suemoto

O prêmio é promovido pela LOréal Brasil, Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO Brasil) e Academia Brasileira de Ciências (ABC), e visa reconhecer o trabalho de jovens cientistas mulheres de todas as áreas da ciência, estimulando a presença feminina no ambiente científico.

As sete contempladas de 2016 são do Rio Grande do Sul, São Paulo, Amazonas e Rio Grande do Norte. Escolhidas entre mais de 400 inscritas, elas receberam, cada uma, um auxílio de R$ 50 mil para suas pesquisas, nas áreas de ciências da vida, química, física e matemática. São elas: Adriana Neumann de Oliveira (RS); Ana Leonor Chies Santos (RS); Claudia Kimie Suemoto (SP); Denise Morais da Fonseca (SP); Elisama Vieira Santos (RN); Fernanda de Pinho Werneck (AM); e Gabriela Trevisan (RS).

As premiadas de 2016 no Museu do Amanhã, no Rio

A jornalista Renata Capucci, que apresenta o prêmio há nove anos, informou que, desde 1998, o programa internacional LOréal-UNESCO For Women in Science reconhece os projetos de mulheres cientistas. Cinco notáveis pesquisadoras brasileiras são escolhidas por ano em cada continente, e seis brasileiras, todas Acadêmicas, já incluíram seus nomes no rol de premiadas: Beatriz Barbuy, Belita Koiller, Lucia Previato, Marcia Barbosa, Mayana Zatz e Thaisa Bergmann.

“Este local não foi escolhido por acaso”, disse Capucci. “Nada mais simbólico do que ter o Museu do Amanhã como apoiador do prêmio, pois o museu transforma nosso modo de pensar e agir, cria um ambiente rico de ideias, perguntas e diferentes caminhos que se abrem para o futuro. E o programa garante que mentes inovadoras vão dar continuidade a descobertas essenciais que mudarão a humanidade.”

O presidente da LOréal Brasil, Didier Tisserand, afirmou que nem uma empresa, nem um país podem ter sucesso sem ciência e tecnologia, que os tornam competitivos. “A ciência está no coração da LOréal. Hoje temos mais de 4 mil pesquisadores no mundo, e no Brasil temos um centro de pesquisa com mais de 100 pesquisadores. Buscamos novos produtos na biodiversidade brasileira e não fazemos testes em animais”, disse Tisserand, que informou que a empresa vai abrir um novo centro de pesquisa em 2017.

Ministro Gilberto Kassab

O ministro Gilberto Kassab também destacou a importância da ciência: “Todos sabemos o que significa a pesquisa para o mundo e, felizmente, a participação da mulher é cada vez mais expressiva em todos os campos profissionais. A LOréal, a UNESCO e a ABC merecem nosso reconhecimento e aplauso. Essa premiação é um tremendo incentivo para a pesquisa e um reconhecimento ao trabalho da mulher.”

Segundo Kassab, a humanidade se transforma com muito investimento nas pesquisas. “Todos sabemos que as crises, por mais profundas que sejam, sempre têm solução. E mais passageiras são as crises quando os países entendem que o caminho para solucioná-las é o investimento na ciência e na inovação.” O ministro comentou, ainda, que o trabalho das premiadas traz orgulho para o Brasil e para outras jovens que podem, com esse reconhecimento, se interessar por esse mercado.

Ary Mergulhão, coordenador de Ciências Naturais da UNESCO no Brasil, apontou que o mundo vem precisando constantemente de desenvolvimento científico e tecnológico e mencionou os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável: “Todos eles vão precisar, basicamente, de investimentos estruturantes em educação, ciência e tecnologia, daí a importância crescente da profissão de pesquisador, bem como das mulheres desenvolvendo pesquisas e apontando soluções.”

Mergulhão afirmou que a média de mulheres entre os pesquisadores no mundo é de apenas 28% – em países desenvolvidos como Alemanha e Coreia do Sul não passa de 30% -, mas no Brasil, felizmente, esse número está equilibrado. “Isso traz alguns desafios, como a crescente necessidade do aumento de qualidade na pesquisa e a necessidade da participação da mulher nos cargos de chefia em instituições de pesquisa.”

O presidente da ABC e do júri, Luiz Davidovich, afirmou que essa celebração anual é um grande momento na vida da ABC, traz alegria para a Academia e ajuda a justificar a sua existência. “A ABC foi fundada há cem anos e sempre primou pelo objetivo do prêmio: batalhar pelo mérito cientifico, mostrar o encanto da ciência aos jovens, reunir os melhores cientistas do país, lutar pelo desenvolvimento da ciência. Desde sua fundação em 1916, acreditamos que ciência, inovação tecnológica e educação para todos são os pilares do desenvolvimento de um país”

Para Davidovich, sem investimento nessas áreas, os países “morrem na praia” – podem até sair de uma crise com ajustes econômicos, mas logo entram em outra. “A luta pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil não é nova, é centenária, e não é fácil e nem sempre agradável.” Ele comentou que celebrar o trabalho dessas cientistas é reconhecer a importância da mulher na ciência. “Precisamos de muito mais cientistas e uma participação mais equânime das mulheres no desenvolvimento da ciência no Brasil. Ficamos muito satisfeitos de ter essas jovens mostrando seu brilho e sua contribuição.”

Tais Araújo

A atriz Tais Araujo participou da premiação, que reconheceu como um estímulo à ciêncoa no Brasil: “É uma honra estar aqui. As mulheres ocupam apenas 20% dos cargos de tomada de decisões no mundo. Eu me identifico muito com essa causa de igualdade entre os gêneros e precisamos estimular a presença de mulheres na ciência e em todos os campos de trabalho. É justo que as mulheres tenham a mesma oportunidade que os homens em suas carreiras.”

A artista lembrou que, esse ano, a LOréal e a UNESCO lançaram o manifesto For Women in Science, com o objetivo de alertar para a sub-representação de mulheres na área científica. “Assinem! Eu já assinei”, disse Tais. “Parabéns às sete jovens cientistas pelo brilhante trabalho. Eu, que sou mãe de uma menina, tenho muito orgulho de vocês.”

Claudia Suemoto falou em nome das vencedoras e comentou que a ciência é essencial para o Brasil. “Esse prêmio traz a interação entre o setor privado e a academia. Isso é muito comum fora do país e é muito necessár
io, ainda mais em um momento como vivemos agora. A carreira científica e um caminho de muitas escolhas e agradecemos às pessoas que souberam apoiar.”

A cerimônia contou, ainda, com a presença do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Gustavo Tutuca; do presidente do Jardim Botânico, Sergio Besserman; do Cônsul Geral da França, Brice Roquefeuil, e do presidente da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Augusto Raupp.

Confira os perfis das premiadas no boletim especial Notícias da ABC.