O desenvolvimento de novos materiais aplicados à tecnologia de luz é fundamental para diversas áreas do conhecimento. No Ano Internacional da Luz (2015), nada mais coerente do que se frisar o quanto tecnologias de luz são importantes nas áreas médicas, químicas e biológicas.
O membro afiliado da ABC Brenno Neto, do Instituto de Química da Universidade de Brasília (IQ-UnB), tem uma linha de pesquisa dedicada exclusivamente para o desenvolvimento de novas moléculas que emitem luz aplicadas em estudos de diferentes processos, componentes e organelas de células vivas em biologia molecular e celular. Estudos como estes permitem aos pesquisadores compreenderem melhor diversos processos celulares, como o desenvolvimento do câncer e alternativas para combater a doença.
No estudo recentemente publicado por pesquisadores da UnB na Accounts of Chemical Research, revista científica extremamente prestigiada, com um fator de impacto de 24.348, são relatados o desenvolvimento, progresso e perspectivas sobre uma nova classe de compostos emissores de luz aplicados para tais estudos. Por diversas razões técnicas, compostos derivados desta classe – das benzotiadiazolas – não eram utilizados com esta finalidade até 2010.
Imagem ilustrativa do núcleo emissor de luz chamado benzotiadiazola. Este material é inserido dentro da célula viva permitindo diversos estudos através da visualização pela luz emitida que normalmente é verde, azul ou vermelha.
O membro afiliado explica que o composto é colocado para dentro da célula viva e é visualizado através de um microscópio que capta a emissão de luz desta classe de compostos. Assim, a análise do que está acontecendo com determinado componente celular ou organela, como ilustrado na figura, é acompanhado visualmente com uma tecnologia de luz. Desta forma, diversas novas descobertas foram relatadas nos últimos anos.
“O artigo publicado na revista Accounts of Chemical Research consolida o desenvolvimento de uma nova classe de materiais utilizados para biologia molecular e celular”, conta Neto. “E, graças aos excelentes resultados obtidos, nosso grupo pode se posicionar como pioneiro no mundo na utilização destes compostos luminosos para estes fins. É como iluminar um local escuro. A luz permite visualizar e compreender o ambiente. O que fizemos foi iluminar o interior das células e ver como é o comportamento no ambiente celular.”
O trabalho pioneiro com esta nova classe de compostos se iniciou em 2009 e, hoje, outros grupos no mundo utilizam novos derivados do núcleo emissor de luz desenvolvido na Universidade de Brasília. José Corrêa, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, relata que os novos materiais emissores de luz permitiram estudos que outros materiais até então conhecidos não permitiam, o que evidencia o grande avanço desta linha de pesquisa, desenvolvida 100% no Brasil.
Brenno Neto explica o impacto que os trabalhos do seu grupo tiveram frente à comunidade científica mundial: “Para nós, é extremamente satisfatório ver que esta classe de materiais emissores de luz, até então nunca utilizados para estudos celulares, se tornou uma alternativa viável para a busca de novos conhecimentos e soluções em células vivas de diferentes tipos. É ainda mais gratificante ver que outros grupos de pesquisa no mundo vêm utilizando esta nova classe de emissores de luz em seus próprios estudos”.
O grupo de pesquisa do membro afiliado e seus colaboradores ainda registraram seus agradecimentos às agências de fomento (CNPq, Capes, FAPDF, Finatec, DPP-UnB) e à própria Universidade de Brasília, onde os estudos foram conduzidos ao longo dos anos.
O trabalho pode ser lido completo no endereço: http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/ar500468p