“0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro são investidos em ciência e tecnologia (C&T) agrícola”, informou o coordenador de Intercâmbio de Conhecimento da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa. De acordo com Luciano Lourenço Nass, engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal do Paraná, isso equivale a 12% do total de investimentos nacionais em C&T. Com coordenação do Acadêmico Paulo Arruda, a sessão de ciências agrárias da oitava edição da Conferência Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe contou, além da conferência especial de Nass, com as participações da professora Elisabeth Fontes (UFV) e dos Acadêmicos Dario Grattapaglia (Embrapa) e Siu Mui Tsai (USP).

Nass iniciou sua fala contextualizando a evolução da agricultura, explicando que sua descoberta desencadeou mudanças de hábito e comportamento nos homens, que passaram de meros coletores-caçadores ao papel de produtores. Antes de 1970, explicou o especialista em biodiversidade, a agricultura brasileira tinha sua produção concentrada nas regiões sul e sudeste; além de baixa produção e rendimento agrícola, pobreza rural, crise alimentar e falta de conhecimento específico sobre a agricultura tropical também eram realidade. A missão, em sua opinião, era “mover-se da agricultura tradicional para agricultura baseada na ciência e tecnologia”.

O conferencista argumentou que a agricultura também pode agir como provedora de serviços ambientais a partir, dentre outros fatores, da manutenção da fertilidade do solo, da regulação do clima, da redução de erosão, da estabilidade ecológica e da fixação biológica de nutrientes. Além disso, o investimento no campo promove melhorias no índice de desenvolvimento humano (IDH) nacional e estimula o desenvolvimento interno do país. Outras vantagens citadas por Nass foram a ocupação do campo, a redução da vulnerabilidade financeira e, por fim, o aumento da renda, saúde, educação e empregabilidade dos brasileiros. “E, com o passar do tempo”, lembrou o pesquisador, “o Brasil se tornou um importante exportador. Cerca de 80% da produção agrícola é consumida internamente e 20% é enviado para mais de 180 mercados ao redor do mundo”.

Por outro lado, profissionais do campo das ciências agrárias também devem levar em conta os riscos de impactos ambientais e sociais provocados pela prática agrícola. Alguns deles são o êxodo rural, as desigualdades regionais, os riscos para a biodiversidade, a exaustiva utilização dos recursos naturais – como solo, água e florestas – o uso intensivo de insumos derivados do petróleo e a poluição e contaminação dos recursos naturais. Agricultores familiares, em função das dificuldades em incorporar novas tecnologias e em implementar um adequado modelo de gestão, também podem ser prejudicados.

Ao fim de suas considerações, Nass falou um pouco sobre a Embrapa. De acordo com ele, a cooperação científica sempre foi uma das prioridades da empresa em sua atuação internacional. “Isso é imprescindível para a manutenção da competitividade da agricultura brasileira”, enfatizou.

A coordenação geral da Conferência Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe 2013 da ABC (28 a 30/11) foi do Acadêmico Fernando Garcia de Mello. Os coordenadores das áreas foram os Acadêmicos Vivaldo Moura Neto (Ciências Biomédicas), Paulo Arruda (Ciências Agrárias), Luiz Drude de Lacerda (Ciências Biológicas), Jacob Palis (Ciências Matemáticas) e Renato Machado Cotta (Ciências da Engenharia).Veja a programação completa.