Das dez maiores causas de afastamento do trabalho, cinco são psiquiátricas. A informação é do professor João Luciano de Quevedo, que ministrou a palestra “Depressão: o mal do Século”, na noite de hoje (8/11), durante a Aula Integrativa da Unidade Acadêmica de Ciências da Saúde (UNA SAU), no auditório Ruy Hülse, na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Segundo Quevedo, que é professor de psiquiatria do curso de medicina da Unesc, coordenador do Laboratório de Neurociências e das Clínicas Integradas da Universidade e membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências, os maiores transtornos psiquiátricos causadores do afastamento de pessoas do trabalho são a depressão, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, a esquizofrenia, o Transtorno Bipolar e o alcoolismo.
Segundo Quevedo, a depressão é uma doença antiga e o primeiro registro dela foi feito na Bíblia. “O Rei Saul, de Israel, era chamado de O Melancólico, e a sua condução era atribuída à ira divina”, contou. O professor explicou que na Grécia Antiga, a depressão foi relatada em obras como Ilíada, e que na Idade Antiga surgiu a primeira definição científica para o que chamavam de melancolia, quando o problema foi atribuído a doença a uma disfunção do corpo. Apenas no século 19 a doença foi relacionada ao um problema no cérebro, atribuída a fatores biológicos, e chamada de depressão.
“Há uma diferença entre tristeza e depressão. Tristeza é uma manifestação do comportamento humano normal. Depressão é uma patologia. A diferença entre as duas se dá por aspectos como intensidade, duração e interferência no quadro clínico da pessoa”, explicou. Sintomas como humor deprimido, perda ou ganho de peso, insônia ou sono em demasia e fadiga devem ser levados em consideração no quadro depressivo.
Aula Integrativa contou com o lançamento de dois livros
Após a palestra, Quevedo lançou dois livros, durante coquetel com professores e alunos dos cursos de saúde da Unesc. O professor é organizador das obras “Transtorno de Pânico – teoria e clínica” e “Depressão – teoria e clínica”. A primeira obra também tem a autoria de Antonio Egidio Nardi e Antônio Geraldo da Silva, enquanto no segundo livro Quevedo é um dos organizadores, em parceria com Silva.
Segundo Maria Inês da Rosa, coordenadora do curso de Medicina da Unesc, Quevedo é o terceiro médico que mais publica pesquisas científicas no Brasil. “Um pesquisador não pode reter o conhecimento. Ele tem que socializar o saber. E isso o João Quevedo faz muito bem”, comentou. Luciane Bisognin Ceretta, diretora da UNA SAU, destacou que Quevedo tem dado, ao longo dos anos, importantes contribuições para a Universidade, sobretudo, para os cursos da área da Saúde e o classificou como um “fomentador de ideias”.
Márcio Fiori, vice-reitor da Unesc, destacou os projetos propostos e desenvolvidos pelo professor na Universidade e salientou a importância de eventos como a Jornada de Medicina e a Aula Integrativa. “É um momento importante para a formação dos estudantes, onde há uma rica troca de informações com profissionais da área”.