Adriano Veloso nasceu e cresceu em Santos Dumont, cidade do interior de Minas Gerais. Adorava Matemática, assim como jogar futebol e andar de bicicleta. Os pais, Eliane e Luiz Antônio, eram professores do Estado e trabalhavam muito. “Minha mãe trabalhava em dois turnos na mesma escola, enquanto meu pai dividia seu tempo entre a escola e sua fazendinha”. Até por serem professores, os pais procuravam controlar e incentivar os estudos dos filhos. A irmã, um ano mais velha, entrou para o curso de Ciência da Computação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pouco depois, Adriano fez a mesma escolha, por pressão do pai, que o “ameaçava” de ter que passar a vida o ajudando na fazenda. “Atualmente eu agradeço a ele por isso, já que foi uma escolha super acertada. Sou professor hoje em dia no mesmo departamento que ingressei como aluno há 15 anos.”
Quando entrou para a universidade, Adriano ainda não sabia ao certo o que era fazer ciência, até que um dia ouviu alguém dizer que quanto mais rápido a ciência se move, mais rápido o mundo se move. “Então comecei a crer que a ciência era algo que trazia inovação ao mundo e me interessei pela possibilidade de criar algo novo, que fosse importante e benéfico para o mundo.”
A qualidade dos alunos de Ciência da Computação na UFMG sempre foi muito alta, segundo Veloso, assim como a dos professores. “O aluno recém-formado tem um mercado muito amplo e promissor pela frente, as propostas de bons empregos chegam bem antes do esperado”. Quando chegou a sua vez, ficou em dúvida entre abrir uma empresa ou fazer mestrado. Optou por ambas: concluiu o mestrado e foi para o mercado. Mas viu que, realmente, não dava para fazer as duas coisas. “A empresa foi um fracasso, mas como o mestrado foi ótimo, optei pelo doutorado na UFMG, onde o programa já estava bem consolidado”. Essa foi outra escolha importante, pois Veloso teve a chance de conviver com alguns pesquisadores que lhe serviram de exemplo, e que hoje são seus colegas.
Aprendizado de máquina
Seu tema de pesquisa é o aprendizado de máquina. Veloso explica que o propósito dos computadores é solucionar problemas em nosso cotidiano. Hoje, eles estão em toda parte, de todos os tamanhos, em celulares, carros e torradeiras, realizando diversos tipos de tarefas. Para tanto, é preciso que o humano se comunique com o computador para especificar a tarefa a ser realizada. O ato de especificar ao computador a tarefa que ele deve solucionar é chamada de programação. Existem tarefas para as quais a solução é bem definida e, portanto, o humano consegue programar o computador para executá-la.
No entanto, existe um conjunto bem maior de tarefas para as quais o humano não conhece a solução, e por isso não consegue programá-las. “O aprendizado de máquina serve para programar automaticamente os computadores nesses casos em que a solução não é bem definida”, esclarece o pesquisador. “Podemos relacionar exemplos de como a tarefa computacional deve ser solucionada. E a partir desses exemplos, o computador consegue, automaticamente, construir um programa que solucione a tarefa em questão.”
Ciência para a sociedade
Perseverança e coragem. Curiosidade e ética. Sagacidade e criatividade. Essas são as características que Adriano Veloso identifica nos bons cientistas. Para ele, ser um membro da ABC significa ter a chance de participar e conhecer cientistas em que possa se espelhar. É ter a chance de acompanhar mais de perto os problemas e as tendências da ciência no Brasil. Ele quer aproveitar a oportunidade contribuindo no sentido de aproximar mais a ciência da população, desenvolvendo não apenas teorias, mas também pesquisa aplicada, “que possa ser rapidamente assimilada como tecnologia útil e acessível ao povo brasileiro.”