Estão em andamento as negociações referentes à abertura de uma unidade do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) na Universidade Federal do Pará (UFPA). A iniciativa – surgida de uma conversa entre o Acadêmico Ricardo Galvão, diretor do CBPF, e o novo membro afiliado da ABC, o físico paraense Luís Carlos Bassalo Crispino, professor da UFPA – está em perfeita consonância com as ações propostas pela Academia Brasileira de Ciências para o desenvolvimento científico da Amazônia, relacionadas no documento intitulado Amazônia – desafio brasileiro do século XXI.

A proposta foi levada ao Governo do Estado e resultou num ofício, assinado pela governadora do Estado do Pará, Ana Júlia Carepa, e pelo reitor da UFPA, Carlos Maneschy, dirigido ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, em dezembro de 2009. Em função deste ofício, o Ministério solicitou uma manifestação do diretor do CBPF, Ricardo Galvão, que se manifestou de modo totalmente favorável a iniciativa, um passo em direção à concretização das sugestões feitas pela ABC. “A idéia é descentralizar as atividades do CBPF, dando aos estudantes de Física da Região Norte o acesso a programas de excelência na área, especialmente nas linhas de pesquisa em Nanociência e Nanotecnologia”, esclareceu Crispino.

No documento encaminhado ao ministro, o governo paraense reconhece o expressivo crescimento da ciência brasileira no cenário internacional, basicamente promovido por pesquisadores e instituições dos estados do Sudeste e Sul e o empenho do governo do Brasil em promover o avanço da atividade científica e formação de recursos humanos nos estados do Nordeste e Norte do país. Destaca a resposta extremamente positiva do Estado do Pará, que “tem correspondido com grande empenho e entusiasmo a essa iniciativa, aportando recursos complementares, tanto financeiros como de pessoal e infra-estrutura, para as instituições de pesquisa e universidades localizadas em seu território”. É citada como exemplo a uma parceria como MCT visando a instalação de uma nova unidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no Parque de Ciência e Tecnologia que está sendo implantado em Belém.

O texto ressalta o grande esforço que vem sendo feito pelo Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) da Universidade Federal do Pará (UFPA) para desenvolver atividades de pesquisa e formação de recursos humanos de alta qualidade, “que permitam aproveitar as vocações para a pesquisa científica em Física e promover a fixação de talentos locais.” De fato, o PPGF/UFPA já tem em seu quadro pesquisadores que desenvolvem trabalhos na fronteira do conhecimento, associados a um curso de Mestrado em Física. Vale ressaltar que, recentemente, a CAPES aprovou o credenciamento de um curso de Doutorado em Física no PPGF/UFPA, que abre novas perspectivas e esperança de progresso na carreira científica para os estudantes da região. “Devemos destacar que este é o primeiro curso de Doutorado em Física de toda a Região Amazônica”, diz o documento. Para dar maior qualidade ao programa, bastante concentrado em atividades de pesquisa teóricas, a UFPA defende a consolidação de uma atividade experimental de alta qualidade, com oficinas de apoio e instrumentação avançada que requerem recursos financeiros e a disponibilidade de pessoal qualificado.

O documento aborda ainda o atual cenário de interesse em recursos minerais do Estado do Pará, esclarecendo o grande interesse em concentrar inicialmente o desenvolvimento da atividade experimental no PPGF/UFPA em materiais avançados, nanociências e nanotecnologia. “Estamos conscientes que, nessa área, a consolidação de núcleos de pesquisa de alta qualificação requer, além de grande investimento financeiro, o estabelecimento de parcerias estratégicas com centros mais avançados e abertos a interações interinstitucionais”.

A proposta final é uma parceria frutífera e duradoura entre a UFPA e o CBPF em Física, considerando que o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) é um instituto nacional do MCT, que tem desempenhado um papel extremamente importante na formação e consolidação de grupos de pesquisa em diversas regiões do país e que atualmente está instalando um laboratório estratégico em Nanotecnologia. “Entendemos que, para consolidar uma colaboração eficaz, que vá além de apenas a execução de projetos de pesquisa em conjunto, seria muito importante a instalação de uma sub-sede ou coordenação do CBPF no Pará, ” Entendemos que a implantação de uma unidade do CBPF no campus da UFPA, assim como está fazendo o INPE, representaria a consolidação da pesquisa científica de fronteira em Física na Região Amazônica, com todos os benefícios de desenvolvimento tecnológico e inovação que a Física tem aportado para a sociedade e também permitiria um rápido avanço do programa de doutoramento em Física na UFPA”, avalia Crispino