Morreu em 24 de março, aos 93 anos de idade, em São Paulo, o geneticista e Acadêmico Oswaldo Frota-Pessoa. Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro em 1917, ele foi pioneiro no estudo da genética humana do Brasil. Entre outros prêmios, recebeu o Kalinga, da Unesco, em 1982. Recebeu também o prêmio José Reis de Divulgação Científica (1980) e tornou-se professor emérito do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

O Professor Emérito da Unicamp e Acadêmico Bernardo Beiguelman enviou artigo ao “JC e-mail” homenagenado o recém-falecido Acadêmico Oswaldo Frota-Pessoa. Leia o artigo na íntegra.

“O Frota foi meu orientador, era uma pessoa absolutamente fantástica, não só como pesquisador, mas como educador, que tratava todos com muito carinho, conseguia motivar muito os alunos”, afirmou a geneticista da USP e Acadêmica Mayana Zatz. “Eu o conheci assim que entrei na faculdade, com 17 anos. Frota formou todos os geneticistas médicos da minha geração e da que me antecedeu. Formou uma escola.”

Seu pai, José Getulio da Frota-Pessoa, foi um importante educador, tendo participado do movimento de renovação do ensino que ocorreu na década de 1930, informa Rodrigo V. Mendes da Silveira, da Faculdade de Educação da USP. Segundo Mendes da Silveira, o cientista gostava de se definir como um “racionalista empedernido”.

Frota-Pessoa formou-se em História Natural pela Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal (1938) e na Faculdade de Medicina da então denominada Universidade do Brasil (1941), hoje Federal do Rio de Janeiro. No mesmo ano, cursou técnicas de pesquisa biológica no Instituto Oswaldo Cruz e doutorou-se em História Natural na Faculdade Nacional de Filosofia, também no Rio. Membro da Sociedade Brasileira de Botânica e de Genética e da Academia Brasileira de Ciências, Frota-Pessoa escreveu diversos livros nos campos da genética humana e citogenética.

Era casado com a Acadêmica Elisa Frota-Pessoa, pioneira entre as brasileiras nos estudos de Física e fundadora, em 1948, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, do qual foi afastada em 1969 em decorrência do Ato Institucional número 5 (AI-5).

A Academia Brasileira de Ciências solidariza-se com a família e lamenta a perda do brilhante cientista brasileiro.