A Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS) – cuja Secretaria Executiva está sediada na Academia Brasileira de Ciências (ABC) -, em parceria com a Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais da Guatemala, realizou na capital daquele país, entre os dias 26 e 28 de julho, o evento IANAS Science Funding Landscape Workshop. A conferência foi organizada com o apoio do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia da Guatemala (CONCYT), do Centro de Pesquisa Internacional para o Desenvolvimento (IDRC) e do Painel Interacademias sobre Assuntos Internacionais (IAP).

O evento contou com 80 participantes, dentre representantes de conselhos nacionais de ciência e tecnologia (C&T), universidades, agências e programas de financiamento regionais e internacionais, além de jovens cientistas de 23 países das Américas. “A integração das políticas e competências é essencial para promover o progresso de C&T nos países da região. A participação das nações mais avançadas neste contexto é necessária para a construção de programas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável daquelas mais pobres”, destacou o representante e diretor de Programas Temáticos e Setoriais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Acadêmico José Oswaldo de Siqueira.

Um dos principais objetivos do encontro, que ofereceu um espaço de intercâmbio para os países, foi aumentar a conexão entre as Academias Nacionais de Ciências da região, os Conselhos Nacionais de Pesquisa – ou organismos equivalentes – agências de financiamento e programas que oferecem apoio à C&T nas Américas. Outro foco do workshop foi divulgar informações e orientar jovens cientistas de início e meio de carreira sobre auxílio financeiro, a fim de otimizar as oportunidades.

No evento, as organizações promotoras de financiamento na região apresentaram os seus programas e os representantes das nações mais pobres colocaram suas necessidades. “Através de uma dinâmica que estimulou a interação entre os participantes, o workshop possibilitou aos países em desenvolvimento conhecerem as oportunidades existentes, enquanto as agências de financiamento familiarizaram-se com as demandas específicas de cada um”, relata o secretário executivo da IANAS, Marcos Cortesão.

A partir das posições expostas pelo Brasil, Cortesão acredita que foi evidenciada, para os participantes das nações menos desenvolvidos da região, a importância da criação de políticas nacionais de C&T que permitam ações duradouras, abrangentes e articuladas. “O evento destacou a necessidade de se romper com uma dinâmica pulverizada, que atende a demandas específicas que são importantes, mas que pouco contribuem para o desenvolvimento efetivo dos parques de C&T desses países”, acrescentou.

Para Siqueira, o encontro foi fundamental para a o progresso científico dos países da América Central. “Ficou evidente que na maior parte dessas nações não há política clara e programa estruturado de fomento à C&T”, destaca. Ele afirma que a apresentação sobre a experiência do Brasil e do Canadá, assim como os debates sobre as diversas agências de incentivo financeiro foram importantes para a construção de políticas na região como um todo.

A avaliação do evento, feita pelos participantes, mostra que este encontro atingiu todos os objetivos inicialmente propostos. O co-presidente da IANAS, o Acadêmico Hernan Chaimovich, acredita que, dessa forma, o progresso da ciência nos países menos desenvolvidos das Américas e do Caribe passa a ter condições de apoio que antes desconhecia. “Agora, cabe a eles aproveitar essa informação e, sobretudo, os contatos pessoais para aumentar o investimento local e assegurar que os melhores talentos sejam treinados em vários países das Américas, inclusive no Brasil”, destaca o vice-presidente da ABC.

As sociedades científicas das nações mais desenvolvidas que estiveram presentes – Canadá, Estados Unidos, México, Brasil e Argentina – sinalizaram com a possibilidade da criação de novas linhas de ação voltadas ao apoio de demandas setoriais daquelas mais necessitadas. O Acadêmico, que se comprometeu em remeter esta discussão para o CNPq em uma próxima reunião, contou que a instituição fornece vários mecanismos de cooperação que buscam oferecer mobilidade aos pesquisadores e contribuir para o apoio científico e tecnológico dos países menos desenvolvidos. “Entretanto, observa-se um certo desconhecimento por parte deles sobre as oportunidades que oferecemos”, lamenta.

Siqueira afirma que, na ocasião, foi solicitado pelos representantes dos países menos desenvolvidos maior participação do CNPq no processo de cooperação entre o Brasil e outros países. “A instituição encontra-se aberta para discutir a ampliação de ações e firmar convênios com foco temático para intercâmbio científico, formação de recursos humanos e projetos conjuntos”, complementa. Além do CNPq, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), representada pelo Acadêmico Jorge Guimarães, também teve atuação destacada na conferência.