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Ciências Químicas | MEMBRO TITULAR

Walter Baptist Mors

(MORS, W. B.)

23/11/1920
Brasileira
26/12/1957

A vida profissional de Walter Mors se divide em dois períodos distintos: o do Serviço Público e o da Universidade. Formado em 1942, ingressou no ano seguinte no Instituto Agronômico do Norte do Ministério da Agricultura, em Belém, Pará. Foi lá que adquiriu o gosto pela Botânica Econômica que cultivou durante toda a vida. Seguiu-se, em 1947, a transferência para o Instituto de Química Agrícola (I.Q.A.), no Rio de Janeiro, onde consolidou sua afeição pela química dos produtos naturais. Foi nessa época, também, que nasceu o seu interesse pelas relações entre química e sistemática botânica. O próximo passo importante foi ter trabalhado, como bolsista da Fundação Rockefeller, na Wayne State University, em Detroit, com Carl Djerassi, que seria, daí por diante, grande impulsionador da química de produtos naturais nos seus primórdios no Brasil. Ocorreu ainda no I.Q.A. o seu primeiro contato com propriedades biodinâmicas de produtos naturais, assunto que seria mais tarde aprofundado na Universidade. A extinção do I.Q.A. determinou uma mudança completa na vida de Walter Mors e de vários dos seus colegas. A passagem do grupo para a Universidade deu-se pelas mãos de Paulo da Silva Lacaz, em 1963. Durante um período de sobreposição (1966-73) Mors ainda dirigiu o então criado Centro de Tecnologia Agrícola e Alimentar, agindo com vistas a um embasamento científico para a solução de problemas práticos ligados às atribuições do novo órgão. Na Universidade, foi na Faculdade de Farmácia que se iniciou a fase acadêmica. Foi neste espaço que ele participou da criação do Centro (hoje Núcleo) de Pesquisas de Produtos Naturais. Em colaboração com muitos colegas e alunos foi produzida uma longa série de trabalhos sobre produtos naturais, destacando-se a identificação do epoxigeranilgeraniol como a substância ativa do óleo dos frutos da sucupira-branca, que impede a penetração das cercárias do Schistosoma na pele do hospedeiro definitivo; do princípio hipoglicemiante da planta anti-diabética pedra-ume-caá; e numerosas pesquisas sobre flavonóides, alguns deles inéditos, sendo alguns apontados como indicadores evolutivos no gênero onde ocorrem. A última pesquisa se ocupa das plantas que o uso popular consagrou como antiofídicas. Foi demonstrada a veracidade desta reputação, que levou ao isolamento de várias substâncias responsáveis pela proteção que estas plantas conferem contra a ação dos venenos de cobras. Aposentado desde 1991, Walter Mors continua colaborando com o NPPN.