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Ciências Agrárias | MEMBRO TITULAR

Veridiana Victoria Rossetti

(ROSSETTI, V.)

15/10/1917
Brasileira
04/06/2003

Veridiana Victoria Rossetti nasceu em Santa Cruz das Palmeiras, São Paulo, a 15 de outubro de 1917, filha de Lina Pozzo e Thomaz Rossetti. Viveu os primeiros meses na fazenda Santa Veridiana, e cresceu na fazenda Paramirim, adquirida por seu pai, no município de Limeira. Interessou-se pela fitopatologia já nesta época, quando, com os irmãos e orientados pelo pai, colhiam material para estudar o efeito das pragas e doenças que afetavam as plantas. Iniciou seus estudos no Collegio S. Vicenzo de Paula, Alássio, Itália, e depois no Brasil, no Colégio São José, Limeira, e o secundário, no Colégio Piracicabano. Neste, desenvolveu a capacidade de trabalho em grupo, que iria caracterizá-la. Formou-se em Agronomia pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, em 1937. Foi a primeira engenheira-agrônoma a se formar pela ESALQ, continuando uma tradição familiar voltada para esta profissão (exercida pelo pai, pelos irmãos e cunhado, e hoje, por vários sobrinhos). Desenvolveu toda sua carreira no Instituto Biológico, onde entrou como estagiária em 1940. Dedicou-se sempre à pesquisa das doenças dos citros. Iniciou seus trabalhos sob orientação do dr. Agesilau Bitancourt, seu mestre, que a encaminhou para estudos do isolamento de fungos do gênero Phytophtora da gomose dos citros. Com o advento da tristeza dos citros, em 1947, tornou-se prioridade a necessidade de se adotar um porta-enxerto tolerante ou resistente às duas doenças. Aperfeiçoou-se nos Estados Unidos, onde realizou, em 1947, curso de Estatística Experimental, na Universidade da Carolina do Norte; em 1951-52, com bolsa da Fundação Guggenheim, estudos sobre fisiologia de ficomicetos, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e ainda especialização em fungos do gênero Phytophthora, com o professor J. Zentmyer, em Riverside. Passa a integrar a Comissão Internacional de Phytophthora e sobre ela publica trabalhos no Brasil e no exterior. Em 1960, com apoio da Fundação Rockefeller, visitou as estações de pesquisas em citros na Flórida e na Califórnia. A convite do governo da França e do INRA – Institut national de la Recherche agronomique – desenvolveu programa de colaboração científica, trabalhando, em 1961, com o dr. Joseph M. Bové, em estudos sobre viróides dos citros. Capacitou-se nas técnicas de diagnóstico de vírus transmissores por enxertia, visando ao Programa de Registro de Matrizes de citros livres de vírus, que estava para ser implantado no estado de São Paulo – de cujo grupo de trabalho fez parte, juntamente com os drs. Agesilau Bitancourt, Sylvio Moreira, Álvaro Santos Costa e Ody Rodrigues. No Instituto Biológico, assumiu a Chefia da Seção de Fitopatologia Geral em 1957, tornando-se Diretora da Divisão de Patologia Vegetal em 1968, cargo no qual se aposentou em 1987. Em 1977 tornou-se pesquisador científico nível 1A, do CNPq e mesmo depois de aposentada continuou suas pesquisas junto ao Instituto Biológico. Contou sempre com a colaboração dos colegas do Brasil e do exterior, com os quais realizou e publicou seus trabalhos. Entre os colegas estão também os discípulos que ajudou a formar. Em 1988 recebeu o título de Servidora Emérita do Estado, pelo governo de São Paulo. Em 1958 iniciou os trabalhos sobre a leprose dos citros, experimentos para seu controle. Resultado relevante foi a comprovação do ácaro Brevipalpus phoenicis como vetor da leprose e, em 1965, também como vetor da clorose zonada. Estudos sobre o cancro cítrico e sobre a clorose variegada dos citros – nome sugerido pela pesquisadora em substituição ao chamado “amarelinho” (CVC), causada pela bactéria Xylella fastidiosa, motivaram vários trabalhos, com colegas do Biológico, de outros institutos brasileiros e dos Estados Unidos, França e Itália. Tem participado de várias comissões técnicas e científicas, nacionais e internacionais: presidente da IOCV (International Organization of Citrus Virologists) de 1963 a 1966, organizou sua IV Conferência, na Itália, em 1966; Comitê Executivo da Sociedade Internacional de Citricultura, representando o Brasil; Comitê Internacional dos Estudos sobre Phytophthora; Comissão para instalação do Instituto de Pesquisas do Cacau (Bahia, 1963); Comissão Nacional de Fruticultura; Comissão Nacional de Citricultura. Foi presidente da Comissão Permanente de Cancro Cítrico, entre 1975 e 1977. Participou de várias comissões na FAO, em Roma. Além de participar ativamente, inclusive na organização de congressos nacionais e internacionais, ministrou constantemente aulas de pós-graduação em várias universidades e colaborou, como consultora para os problemas relacionados às doenças dos citros, com vários estados brasileiros (Sergipe, Bahia, Goiás) e países da América Latina (México, 1979; Peru, 1980; Argentina, 1978 e 1986). Tem mais de 300 trabalhos publicados ou apresentados nos congressos nacionais e internacionais e recebeu dezenas de prêmios e homenagens, entre eles: Medalha Sigma Xi, Universidade da Califórnia (1952); Engenheira-Agrônoma do Ano, pela AEASP (1982); Honorary Professor da Universidade da Flórida (1987); Prêmio Frederico de Menezes Veiga, outorgado pela EMBRAPA, Brasília (1993); Wallace Award 1995 – IOCV (pelo melhor trabalho publicado em Proceedings of the 12th Congress, Índia, 1993) – com mais quatro co-autores – China, novembro de 1995; Prêmio Sylvio Moreira (melhor artigo científico publicado em 1995); Medalha Luiz de Queiroz (1999).