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Ciências Físicas | MEMBRO TITULAR

Roberto Aureliano Salmerón

(SALMERÓN, R. A.)

16/06/1922
Brasileira
06/05/1998
17/06/2020

Começou a sua carreira como assistente de Física geral e experimental na Escola Politécnica da USP – EPUSP e iniciou suas atividades científicas com o professor Gleb Wataghin, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FFCL da USP. Enquanto trabalhava na USP, em 1949 foi membro fundador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF-, no Rio de Janeiro, e em 1950 deixou a USP para trabalhar nesse laboratório. Durante os anos em que trabalhava na Europa, estava em licença sem remuneração do CBPF. Bolsista da UNESCO, fez o doutorado na Universidade de Manchester, Inglaterra, onde foi orientado pelo professor Patrick M. S. Blackett, Prêmio Nobel de Física. O professor Blackett, membro do Conselho Científico do então recém-criado laboratório internacional Organisation Européenne pour la Recherche Nucléaire – CERN – em Genebra, Suiça, sugeriu à direção desse laboratório que o contratasse. Foi membro do corpo permanente de físicos do CERN com o posto de Physicien Supérieur, de 1955 a 1963, tendo sido um dos seus 20 primeiros pesquisadores e durante vários anos o único membro não-europeu. Teve, assim, a oportunidade excepcional, que muito influenciou suas atividades futuras, de acompanhar a evolução científica e a organização desse laboratório, que se tornou o maior do mundo em sua especialidade; participam atualmente em seus trabalhos cerca de 7000 pessoas. De Genebra, atuava como um dos assessores para a organização da Universidade de Brasília – UnB. Embora pudesse ter permanecido no CERN até se aposentar, deixou esse laboratório para trabalhar na UnB, onde, em 1964 e 1965 foi professor titular, o iniciador e o primeiro coordenador do Instituto Central de Física e o primeiro coordenador geral dos Institutos Centrais de Ciências e Tecnologia – Biociências, Física, Geociências, Matemática e Química. Foi membro suplente do Conselho Diretor da Fundação Universidade de Brasília e membro do Conselho Editorial da Editora da UnB. Em fins de 1965, demitiu-se da Universidade de Brasília, juntamente com 222 colegas, por recusarem pressões externas exercidas sobre a Universidade durante o regime militar que dominou o país de 1964 a 1985. Foi em seguida convidado para regressar ao CERN. Reassumiu seu posto nesse laboratório em 1966 e 1967. Em 1967 passou a trabalhar na Ecole Polytechnique em Paris, França, no Laboratoire de Physique Nucléaire des Hautes Energies, contratado pelo CNRS. Foi sucessivamente Directeur de Recherche, Directeur de Recherche Classe Exceptionnelle e Directeur de Recherche Emérite, posto que ocupa atualmente. Na Ecole Polytechnique dirigiu grupos de pesquisadores, realizando experimentos no CERN, e foi membro do Conselho de Direção do laboratório. Foi presidente da seção de Física de Partículas do CNRS e presidente do Conselho do Departamento de Física Nuclear e Física de Partículas da mesma instituição. Enquanto trabalhou em Paris, foi membro de vários comités do CERN: o Track Chamber Committee e o Super-Proton-Synchroton Committee, que julgam propostas de experimentos, para selecionar os que devem ser realizados, e o Academic Training Committee, que organiza anualmente programas de ensino especializado para os físicos e cursos para estudantes europeus. Foi assessor do Fonds National Suisse pour la Recherche e membro da Comissão Portugal-CERN, que julga as propostas de trabalhos a serem realizados no CERN pelos laboratórios e pelas indústrias portuguesas. Foi presidente de 3 congressos internacionais de Física, co-presidente de um simpósio internacional sobre a História da Física de Partículas Elementares, membro das comissões internacionais de conselheiros para a organização de 7 congressos internacionais de Física, membro das comissões internacionais organizadoras de 10 congressos internacionais de Física. Foi membro do High Energy and Particle Physics Division Board e presidente da High Energy and Particle Physics Division da Sociedade
Européia de Física. Como presidente dessa Divisão, criou um prêmio internacional para Física de Partículas Elementares, intitulado High Energy Physics Prize of the European Physical Society, e criou a Divisão de Aceleradores de Partículas na Sociedade Européia de Física. Fundou na França, em 1969, a Ecole dEté de Physique de Particules de Gif-sur-Yvette, que se tornou escola oficial do Departamento de Física Nuclear e Física de Partículas do CNRS. Foi membro do Corpo Editorial das seguintes revistas: Il Nuovo Cimento e Lettere al Nuovo Cimento, ambas da Sociedade Italiana de Física, de maio de 1971 a setembro de 1989; International Journal of Modern Physics A e Modern Physics Letters A, desde a fundação dessas revistas, em outubro de 1986, até 1997; Revista Brasileira de Física, desde 1987, e de sua nova versão Brazilian Physical Review, desde sua fundação até junho de 1996; de Europhysics Letters, da Sociedade Européia de Física, de 1991 a 1993. Tem mais de 90 trabalhos publicados em revistas especializadas, com árbitros, e cerca de 50 comunicações em congressos internacionais, muitas delas publicadas integralmente em Proceedings, e escreveu capítulos de vários livros especializados. É membro da Sociedade Brasileira de Física, da Sociedade Francesa de Física, da Sociedade Européia de Física. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências e membro da The New York Academy of Sciences. Convidado pela Royal Swedish Academy of Sciences, foi conselheiro para atribuição do Prêmio Nobel de Física, de 1985 a 1989.