Maurício Domingues Coutinho-Filho
(COUTINHO-FILHO, M. D.)
Concluiu o bacharelado de Engenharia Elétrica na UFPE, 1964-1968, período em que foi bolsista da UFPE e CNPq, cumprindo programa equivalente a um bacharelado em Física. Destaca-se a forte influência do Prof. Ruy Luís Gomes, matemático português, não só do ponto de vista científico, como no exemplo de vida acadêmica. No programa de mestrado teve como orientador o prof. Jaime Tiomno, em cujo grupo se desenvolvia forte atividade em Física Teórica, parcialmente abortada quando da “cassação” deste. O prof. Luís Guimarães Ferreira da USP teve a gentileza de avalizar a tese de doutorado como orientador formal. Durante o programa de doutorado participou do grupo que implantou as atividades de pesquisa em Física na UFPE, dentro de um projeto institucional financiado pelo CNPq. Os primeiros trabalhos científicos foram publicados em colaboração com José Galvão de P. Ramos, supervisor da tese de mestrado, Ivon P. Fittipaldi, Luis Carlos de M. Miranda, supervisor da tese de doutorado e Sergio M. Rezende. Cumpriu pós-doutorado, 1974-1975, na Cornell University, no grupo do prof. Michael E. Fisher, onde acontecia a “época de ouro” do método do Grupo de Renormalização para descrição de fenômenos críticos em transições de fase. O ambiente científico do grupo permitiu um aprofundamento e amadurecimento da formação avançada na área de Física Estatística. De volta à UFPE, a década seguinte foi dedicada a fortalecer o grupo de Física Teórica, ao mesmo tempo em que estreitou a colaboração com o grupo experimental de Magnetismo. Durante o ano de 1985 e metade de 1986 esteve em visita sabática na “Harvard University” no grupo dos Profs. Bertrand I. Halperin e David R. Nelson. Neste período aprofundou os estudos de Métodos de Teoria de Campos para Física Estatística e Matéria Condensada, em particular na descrição do Modelo de Hubbard. Novamente de volta à UFPE, concentrou seus esforços em Sistemas de Elétrons Fortemente Correlacionados, Estatística de Polímeros e Caminhadas Aleatórias, e Sistemas Magnéticos Desordenados. Colaborando também na implantação do Laboratório de Física Teórica e Computacional (LFTC). Além dos afastamentos de longo período, tem mantido forte intercâmbio com centros nacionais e estrangeiros, tendo sido Pesquisador/Professor Visitante na USP, no CNRS em “Meudon-Bellevue”, França, na “Harvard University USA” e na “Università de Napoli”, Itália. Neste intercâmbio proferiu quinze seminários em centros norte-americanos e europeus, cerca de três dezenas em centros nacionais e participou de quarenta bancas examinadoras de teses de mestrado e doutorado e concursos públicos. Os resultados do seu trabalho de pesquisa se materializaram na orientação/co-orientação de seis teses de doutorado e oito de mestrado (duas outras estão em fase de conclusão), setenta e três comunicações em reuniões científicas, e na publicação de sessenta e quatro trabalhos, sendo seis em revistas nacionais, quatro em “proceedings” internacionais e o restante em periódicos norte-americanos e europeus. A pesquisa tem sido feita junto com as atividades de ensino, tendo ministrado dez cursos distintos a nível de graduação, outros dez de pós-graduação e participado da organização de reuniões científicas e escolas avançadas. Como necessidade de contribuir para as atividades acadêmicas e científicas na UFPE e do país, ocupou todos os cargos acadêmicos no Departamento de Física (DF), representou este no Conselho Universitário da UFPE, foi membro da Câmara de Ciências Exatas e Tecnologia da Fundação Estadual de PE (FACEPE), do Conselho da Sociedade Brasileira de Física e de Comitês da CAPES, CFE e FINEP, assim como tem atuado como árbitro para vários periódicos norte-americanos, europeus e nacionais. É bolsista de pesquisa do CNPq, desde a implantação do programa, sendo atualmente Pesquisador Nível I-A e Professor Titular no DF da UFPE. Do ponto de vista político-social sustenta a tese de que, se foi possível desenvolver um bom Centro de Ciências Exatas no prazo de vinte e cinco anos em uma região dominada pela indústria canavieira há quase meio milênio, é possível resolver os problemas mais graves da sociedade se houver vontade política dos governantes e das elites e maior conscientização da classe média brasileira.