Maria José Pacifico

Natural de Guariba, São Paulo, concluiu a Licenciatura em Matemática em 1973 na Faculdade de Ciências e Letras de Rio Claro, SP. De 1974 a 1976 fez o mestrado no IMPA sob a orientação de Manfredo Perdigão do Carmo. Iniciou seus estudos em Dinâmica a partir do final da década de 70 e concluiu seu doutorado no Impa em 1980, sob a orientação de Welington de Melo. Sua tese versou sobre fluxos em variedades com bordo e que são tangentes ao bordo. Caracteriza aqueles que são estáveis neste importante contexto. Este trabalho foi marcante para sua carreira científica, pois suas melhores contribuições foram em dinâmica de fluxos em variedades, quer com bordo ou não. A seguir, depois de um ano como Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense ingressou como Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, onde se encontra até o momento.
Seu primeiro trabalho de muito impacto foi publicado pelo Topology em 1986. Nele apresenta um contra-exemplo no contexto de fluxos que são tangentes ao bordo de uma variedade para a famosa conjectura da estabilidade segundo a qual a estabilidade é essencialmente equivalente à hiperbolicidade do conjunto limite do fluxo. Neste trabalho foi introduzido o que hoje em dia é denominado ferradura singular, e que se tornou um dos mecanismos relevantes de passagem de dinâmica simples para uma caótica. Este mecanismo abriu uma nova linha de pesquisa e até os dias de hoje há trabalhos interessantes que estão sendo produzidos através de sua aplicação. Nesta direção sobressaem-se vários de seus trabalhos, sendo o mais destacado o publicado em Publications Mathématiques de IHES, onde é introduzido a noção de ciclo singular, um outro mecanismo que permite compreender drásticas mudanças em dinâmica com pequenas perturbações de parâmetros na dinâmica dos sistemas.
Motivada pelo famoso atrator caótico de Lorenz, que modela previsão do tempo, introduziu com Morales e Pujals a noção de hiperbolicidade singular conseguindo através dela caracterizar os conjuntos que são robustamente transitivos para fluxos tridimensionais como atratores ou repulsores caóticos. Em outras palavras, estes conjuntos são semelhantes à borboleta de Lorenz. Este resultado foi publicado pelo Annals of Mathematics, 2004. Este estudo originou um novo ramo de pesquisa, a hiperbolicidade-singular, que encompassa fluxos com pontos de equilíbrio acumulados por trajetórias regulares. Nesta categoria o exemplo típico é o atrator caótico de Lorenz e tenta-se verificar para esta nova classe de fluxos propriedades que já foram estabelecidas no contexto mais simples da hiperbolicidade uniforme. A partir dai provou com Rovella e Viana a existência de atratores caóticos espirais, conjeturado uma década antes por Coullet e Tresser. Este trabalho também foi publicado pelo Annals of Mathematics.
Lembramos que tais atratores modelam a passagem da corrente elétrica por muitos circuitos elétricos.
De seus trabalhos constam ainda a noção original de fluxo Axioma A singular e estabeleceu com Morales uma dicotomia entre os fluxos tridimensionais: ou são Axioma A singular sem ciclos entre seus conjuntos maximais invariantes ou possuem uma infinidade de pontos de equilíbrio atratores ou repulsores, resultado publicado em Ergodic Theory and Dynamical Systems, 2003.
Teve 6 alunos de mestrado e dois de doutorado. Atualmente tem dois alunos de mestrado e três de doutorado. Organizou várias reuniões científicas na área, promovendo a vinda de muitos professores visitantes ao Instituto de Matemática da UFRJ, colaborando deste modo para o fomento do intercâmbio científico entre a UFRJ e outras instituições e para a solidificação do IM-UFRJ como um centro ativo de pesquisa em Sistemas Dinâmicos.
Participa regularmente de banca de teses de doutorado na área de Sistemas Dinâmicos nas diversas instituições de pesquisa brasileiras. Organizou, juntamente com M. I. Camacho, cinco reuniões científicas no IM-UFRJ (1985, 1987, 1999, 2001, 2003). Foi também organizadora do Colóquio Brasileiro de Matemática por duas vezes, em 1991 e 1993. Tem participado regularmente de reuniões científicas internacionais na área. Tem até o momento quarenta e dois artigos completos publicados em revistas de circulação internacional de primeira linha. Participa de diversos projetos de pesquisa e da organização de algumas reuniões cientificas que serão realizadas em 2005 e 2006.
Promoveu a visita de diversos pesquisadores ao IM-UFRJ e também foi orientadora de muitos pesquisadores que iniciaram a sua carreira com Bolsa de Pesquisa Recém-Doutor do CNPq e/ou Bolsa de Fixação da FAPERJ, desenvolvidas no IM-UFRJ.